SEC homenageia professoras e professores que amam ensinar

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Durante todo o mês de outubro, para marcar o Dia da/o Professor/a (15/10), a  Secretaria da Educação do Estado (SEC) presta uma homenagem às professoras e aos professores que escolheram a educação como um projeto de vida. Os educadores irão dar o testemunho sobre como despertaram a vocação para o magistério, como é a relação com a sala de aula e como o exercício profissional tem sido transformador para a vida dos estudante e também para a deles.

Nesta primeira reportagem da série, elaborada pelos jornalistas da Assessoria de Comunicação da SEC, conheça a história da professora Alina, que abraçou a Educação Prisional como forma de levar conhecimento e esperança para apenados da Penitenciária Lemos de Brito.

Para a professora Alina, educação é compromisso social!
 

O dinheiro era pouco, nem sempre a terra árida dava o suficiente para todos. Filha dos agricultores Vicente e Izabel, a professora Alina Silva de Souza nasceu na Fazenda Bananeira, zona rural do município de Euclides da Cunha. Com uma infância repleta de desafios, aos sete anos foi adotada pelo tio Osvaldo, irmão do seu pai, que ficou sensibilizado com as condições que Alina e seus sete irmãos viviam. No novo lar, em Serrinha, a menina começou os estudos e um longo período de adaptação. Ao lembrar do passado, Alina, que hoje é dona de um sorriso forte e fala contagiante, conta uma realidade de privações que foi superada com a descoberta do amor pelo magistério.

“Tudo era novidade. Nunca tinha visto um livro. Ver em sala um professor, no início,  era divertido; depois, não  conseguia acompanhar o grupo e tive que repetir de ano. Lembro que ficava de castigo e comecei a detestar  a escola,  queria  voltar  para a roça. Meus tios valorizavam muito a educação formal e era a forma de eles me cobrarem os resultados. Minha tia Marialda, que era professora, sempre conversava sobre a importância dos estudos e da independência através  do conhecimento. Venho de uma família muito pobre. Imaginava que estudando e me formando teria uma vida diferente e isso me motivou a ter forças para continuar”.

A criança conseguiu se encontrar na literatura e nos livros didáticos, seguindo o ritmo da turma no antigo primário, tocando em frente os estudos até a formação no magistério. “Comecei a lecionar por falta de opção. No interior, as meninas normalmente faziam magistério. Em 1985, comecei a ensinar crianças em várias cidades, como Ipiaú e Santo Amaro. Dez anos depois, vi que isso era, na verdade, uma vocação e, de forma consciente, entrei no curso de Pedagogia, na Universidade Católica do Salvador. Aos 29 anos, conclui a formação superior e passei  no concurso do Estado para professora em setembro de 1994, o que me trouxe um grande orgulho e a sensação de ter superado muitos problemas”.

A então recém-concursada começou sua trajetória ensinando em Lauro de Freitas, depois foi transferida para Salvador, onde atuou nos colégios

David Mendes, Vale dos Lagos e no George Fragoso, no bairro de Mata Escura, onde está desde 2015. Na unidade escolar, que atende aos apenados da Penitenciária Lemos de Brito, a professora iniciou com receio, porém ao começar as atividades sentiu tranquilidade e viu que poderia ser uma peça fundamental para trabalhar com a ressocialização.

“Já  trabalhava com a Educação de Jovens e Adultos há muitos anos. Quando cheguei, disse a eles que era a professora deles e o que importa para mim seria vê-los aprendendo e presenciar os esforços para se tornarem pessoas melhores. Com esta meta, dei até hoje o meu melhor e o ensino trouxe muitas felicidades. Lembro de um aluno que entrou sem saber ler e escrever e no final do ano escreveu uma carta para a filha e no fim do texto ele dizia que agradecia à professora por ter dado conhecimento para escrever aquela carta. Isso me marcou”.

Atualmente, a professora leva a sua história de superação para as aulas e incentiva os apenados a conquistarem novos caminhos. Para Alina, a escola vai além do processo do letramento. “Sinto que, além de alfabetizar, tenho o compromisso social de mostrar para eles que tudo pode ser diferente e que, mesmo diante das piores adversidades, podemos encontrar melhores rumos. Acredito que posso ajudar de alguma forma. Se um deles mudar suas atitudes a partir das discussões e minhas aulas, já valeu à pena todo o meu esforço”.

 Reportagem: Pedro Moraes

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