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Seminário marca luta da rede estadual de ensino por uma educação antirracista
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, através do Instituto Anísio Teixeira, realizou, nesta segunda-feira (25), no IAT, o ‘Seminário Novembro Negro: caminhos para uma educação antirracista’. A atividade integra a agenda do Novembro Negro da Secretaria e contou, em sua programação, com palestras, mesas redondas e exposições.
O seminário foi aberto com uma palestra da escritora, pedagoga e arte educadora, Madu Costa, que discorreu sobre ‘O empoderamento da mulher negra na sociedade.
A pedagoga afirmou que luta antirracista passa pela educação, mas não necessariamente por esse aparelho estatal que, segundo ela, ainda tem grade curricular muito euro centrada e que ainda tem uma deformação dos cursos acadêmicos que não respeita a lei 10.639/2003.
“Nós que escolhemos ser professor, principalmente da educação básica e infantil, não temos o direito de reproduzir este modelo racista, sexista, homofóbico, religioso. Precisamos ser legalistas. Como que o professor não cumpre as leis? Que tipo de educação é essa que não parte do exemplo?” questionou a palestrante.
Madu Costa contou também que é combativa e que entra e sai de todos os lugares que quiser. “Sempre fui a professora da resistência e não da reprodução do modelo excludente da educação. O empoderamento da mulher preta na sociedade racista é pé na porta, cabeça erguida e enfrentamento. É guerra”, destacou.
Discorrendo sobre a temática “O processo de descolonização do negro na sociedade racista”, a deputada estadual Olívia Santana destacou que o Brasil tem 524 anos e que quase 400 anos foram consumidos por relações objetivas e concretas de escravismo, não sendo possível, portanto, zerar este jogo.
“Não é possível a gente tratar o hoje como se o ontem não tivesse acontecido. Esta discussão da educação antirracista é uma necessidade histórica, uma necessidade civilizatória. Não é uma questão de apenas pensarmos as vivências individuais no que diz respeito a manifestação do racismo e da discriminação racial. É pensarmos como coletividade, enquanto sociedade, o quanto que o racismo impacta negativamente na vida das pessoas, de uma parcela majoritária da população brasileira, e como que o racismo atrasa o desenvolvimento sócio econômico e cultural desta parcela da população impactada por ele. Temos um desafio que é fazer da luta antirracista uma opção cotidiana, não apenas no mês da consciência negra, que te essa carga simbólica mais elevada”, refletiu.
A deputada afirmou ainda que o racismo é responsável por muito do fracasso escolar, que a educação pode ser ferramenta de desconstrução da realidade e que a escola tem de ser laica, plural, ter a capacidade de educar para o racismo religioso, porque a escola é recorte da sociedade. “Uma escola onde a gente não se vê, que não fala para nós, não serve para a gente”, finalizou.
À tarde, os trabalhos foram abertos com uma palestra da professora Bia Barreto, que bateu um um papo com a plateia sobre o tema ‘Afrobetizar: uma Educação Antirracista’.
A docente falou sobre formas de enfrentar o racismo e afirmou que seu objetivo enquanto mulher preta é construir uma sociedade minimamente pautada na equidade.
“A gente aqui constrói educação diariamente e nesse construir vivemos situações em sala de aula e no nosso contexto educacional, formal ou informal, que por muitas vezes nos deixam paralisados. Então o afrobeto nasce desse lugar, da inquietação de uma educadora física que não suporta mais olhar para os livros da escola e não se ver, que não suporta mais ver as crianças se olhando em livros que elas não se enxergam . Ele nasce como um protesto. Mas para além do protesto que grita, é um protesto que entrega”.
Bia Barreto discorreu ainda sobre o que chamou de recursos afrodidáticos. “São livretos, jogos, sequências afrodidáticas que nos ajudam a implementar as leis 10.639/2003 e 11.645/2008 em sala de aula , na escola, mas também na vida, nas empresas, nos espaços que a gente frequenta para ver se a gente consegue de fato construir esta tal sociedade antirracista, porque me recuso a acreditar que isso é uma utopia”, contou.
Ainda em sua programação, o seminário trouxe mais duas mesas redondas sobre ‘Educação e saúde da população negra’ e ‘Violência e vulnerabilização contra a população negra’.
O evento teve por objetivo contribuir para tornar a escola, cada vez mais, um espaço de formação permanente para os professores no âmbito da educação antirracista, com intuito de combater o racismo dentro e fora da escola, através de uma abordagem de ensino que valoriza a história e reforça a contribuição dos povos africanos e afro-brasileiros na construção do país.
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