Seminários Saberes e fazeres trazem experiências dos formadores e articulação com Universidades

Os Seminários Territoriais Saberes e Fazeres, atividade que integra a trilha formativa anual do Programa de Formação Continuada Territorial oferecida pela Secretaria de Educação do Estados da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira (IAT), chegaram ao último dia. No entanto, as discussões e mesas temáticas parecem ter uma proposta mais além, a de continuar pautando o diálogo e a atuação profissional dos mais de 8 mil educadores e educadoras participantes, dos formadores e formadoras, além da equipe que, a muitas mãos, desenha as pautas formativas que já alcançam outras esferas, como a das universidades.

Nesta sexta, 3/12, as práticas pedagógicas, experiências de referência e aprendizagens desenvolvidas continuaram a ser compartilhadas, agora na voz dos formadores e formadoras do IAT. A novidade, incorporada este ano, deu oportunidade aos profissionais diretamente responsáveis pela formação dos educadores participantes, de apresentarem a sua perspectiva, especialmente sobre o processo de autoformação pelo qual vêm passando durante as atividades do plano. A diretora geral do IAT, Cybele Amado, registrou a emoção de fazer parte do arranjo educacional proposto pela formação e seu agradecimento aos formadores: “Nós acompanhamos muito de perto a ação de cada um desses educadores e educadoras que, além de estarem no seu espaço de trabalho neste momento tão difícil, escolheram estar aqui neste lugar de ‘ocupância’ de ser formador. Minha profunda gratidão.”

Na primeira mesa temática, foi a identidade do formador que pautou as discussões, através da explanação dos formadores de equipes técnicas Angelo Dantas de Oliveira e Martônio Ferreira Sacramento. Os formadores destacaram a experiência de viver “a docência e a discência” ao mesmo tempo. “Buscamos refletir sobre nosso processo de formação e de autoformação, dialogando com professores que se tornaram gestores de políticas públicas. Quem são eles e quem somos nós neste processo de diálogo?”, reflete Angelo.

O educador também fez questão de reiterar o caráter inovador da proposta formativa e de como é expressivo, na formação de equipes técnicas, o desafio de formar professores que estão se tornando gestores de políticas públicas. “Pensar na formação do professor e gestor de  políticas públicas é um avanço para a educação. Dentro das academias, estudamos processos formativos para a docência, mas antes da sala de aula, grandes processos de educação já estão sendo gerenciados por esses profissionais que estão se tornando gestores.”

Através de uma nuvem de palavras, Martônio reiterou as diretrizes da formação na visão do grupo de formadores: “As palavras lastreiam a proposta da formação do IAT: cooperação, coletivismo, aprendizagem, criticidade, afetividade.”

O percurso formativo pautado nesta coletividade e considerado a partir dos conhecimentos compartilhados e potencializados pela formação do Instituto Vera Cruz(IVC), parceiro que presta consultoria para a formação dos formadores em matemática e língua portuguesa, foi traduzido na apresentação das formadoras de coordenador pedagógico e gestor escolar, Maria de Fátima Castro e Cecília Mascarenhas de Santana. Também nesta mesa, cujo tema central foi ‘Práticas de Referência no Âmbito do Conhecimento Didático’, a autoformação enquanto resultado e consequência do trabalho foi destacada. “Falar desse processo (da formação continuada) é falar da nossa autoformação. Saberes se traduzem pela compreensão que fazemos da prática”, refletiu Maria de Fátima. 

"Nós somos conectados uns aos outros. A universidade aprende, ao invés de ser o centro de conhecimento" - Luciano Lima, Formador
 

As educadoras evidenciaram a transposição didática dos conteúdos da formação do IVC para as turmas de coordenadores e gestores escolares, pensados coletivamente, tendo em vista as demandas apresentadas pelas unidades escolares. “Cada pauta formativa era feita para uma vivência nessa perspectiva. Sempre contemplamos demandas reais específicas dos participantes do processo formativo. Isso agregou legitimidade, tivemos maior adesão e efetividade nas ações propostas”, contou Cecília. Quem acompanhou este último dia dos seminários pôde analisar junto com as formadoras uma sequência didática na área de matemática. 

Tema de destaque, a relação entre a educação básica e o ensino superior foi explorado por quatro formadores que também fazem parte do corpo docente de algumas universidades baianas: Cornélia Santos, da Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus, José Augusto da Luz, da Universidade Estadual de Feira de Santana, Luciano Souza, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em Vitória da Conquista e Everton Nery Carneiro, da Universidade do Estado da Bahia, multicampi.

No desenvolvimento desta temática, ficou clara a importância de considerar as contribuições da educação básica para a academia, desconstruindo o pensamento de que apenas nas universidades está o conhecimento necessário para a formação docente. José Augusto ratificou a relação cíclica e não hierárquica entre as duas esferas: “Essas culturas escolares que não são muito publicizadas são extremamente importantes para a gente pensar o sistema educativo”. Ele, que já foi professor da educação básica, contou que percebeu a necessidade de destacar essa relação em salas de aula de graduação, mestrado, entre outras, como saberes à serviço de uma experiência formativa. 

A formadora Cornélia também acredita nesta retroalimentação, acrescentando que a disciplina que ministra, a de Estágio Supervisionado, depende fortemente das experiências vivenciadas em salas de aula. “Nós pegamos situações ou preposições que estão na escola e trazemos para a sala de aula da graduação para discutir e, posteriormente, retornamos para a escola com essa discussão.” 

A formação continuada também vem contribuindo para a universidade, segundo conta o formador Luciano Lima, ao destacar a experiência articulada e a superação dos desafios diante de questões, como o ensino remoto. Este ano, tiveram a primeira turma virtual desde a criação da universidade e, segundo ele, a experiência foi proveitosa por conta da experiência adquirida no trabalho em ambiente remoto proposto pela formação. “A gente pôde tomar na UEFS, de forma muito referendada, a experiência tão gigante e tão potente que eu vivenciei enquanto formador de diretor e coordenador nos anos de 2020/21 com o IAT e o IVC. Nós somos conectados uns aos outros. A universidade aprende, ao invés de ser o centro de conhecimento.”

A tarde foi encerrada com as palavras da diretora pedagógica Diana Melo e da coordenadora de formação de profissionais de educação, Micheli Cruz. “A gente ouviu aqui teorias da melhor qualidade, dialogamos com todos os nossos referenciais, mas especialmente com a vivência, com o ser, com o pleno exercício daquilo que eu me aproprio e faço acontecer porque está dentro de mim”, se emocionou Diana.

Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial 

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com o apoio da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e parceria do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. Por conta da pandemia do Coronavírus, a formação acontece em ambiente virtual, reunindo mais de 8 mil educadores e técnicos de 417 municípios dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

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