Seminários Saberes e Fazeres mostram práticas educativas inovadoras fomentadas pela Formação Continuada

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No ano em que se comemora o centenário do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, falar de educação tem um gosto especial. E falar da educação inspirada por uma prática que vem superando desafios e apresentando resultados na contramão das adversidades vividas neste ano de 2021 é ainda melhor. Nesta quarta-feira, 17/11, iniciaram-se os Seminários Territoriais Saberes e Fazeres, atividade anual de encerramento do Plano de Formação Continuada Territorial da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, realizado pelo Instituto Anísio Teixeira (IAT). As atividades, transmitidas pelo canal do Youtube do IAT, trazem diversas práticas de referência adotadas pelas redes de ensino estadual e municipais de toda a Bahia a partir dos encontros de formação continuada. Os seminários seguem até o dia 3 de dezembro (confira a agenda abaixo). 
 
Por meio de vídeo exibido a todos que acompanharam a atividade, o secretário da Educação do Estado da Bahia, Jerônimo Rodrigues destacou a importância da formação continuada e o papel do IAT como “fundamental para a melhoria da qualidade da educação”. Jerônimo também lembrou que a formação continuada acontece em regime de colaboração com os municípios e o apoio da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Itaú Social. 
 
A diretora-geral do IAT, Cybele Amado de Oliveira, desejou as boas-vindas a todos os que participaram dos seminários desta quarta. “Sejam todos bem-vindos a este seminário que reúne redes municipais e estadual, numa atividade inovadora em nosso País. É uma beleza extraordinária. Estou ansiosa por essa partilha de conhecimento dos nossos educadores”, celebrou.
 
O encontro contou com as participações do prefeito de Santana e dirigente da UPB, Marcos Cardoso (Marcão), do vice-presidente da Undime Bahia, Anderson Passos e de Angela Dannemann, CEO do Itaú Social. Confira a participação deles no vídeo abaixo
 
 
Neste primeiro dia de seminário, foi possível conhecer as experiências vividas por municípios de quatro Territórios de Identidade. Pela manhã, as apresentações foram dos educadores do Velho Chico (NTE 02) e da Bacia do Rio Corrente (NTE 23). “Hoje é dia de celebração, de encher o peito de alegria e reforçar que não existe educação de qualidade sem parceria”, afirmou Eleniza Castro, diretora do Núcleo Territorial de Educação 23. Ayrleide Pereira, dirigente do NTE02, destacou que essas parcerias (Governo, Itaú Social, Undime e UPB) potencializam a educação nos municípios. “Apresentar nossas experiências, socializar com nossos colegas fortalece o desenvolvimento da educação nos municípios e potencializa o aprendizado dos nossos estudantes”, afirmou Ayrleide. 
 
Já no turno da tarde, foi a vez dos Territórios da Bacia do Rio Grande (NTE 11), com a participação da diretora Maria Aparecida Vasco e do Piemonte Norte do Itapicuru (NTE 25), representado pela diretora Ana Raquel Alves Conceição. Coordenadores pedagógicos, gestores escolares e técnicos das secretarias de educação puderam relatar as reflexões e práticas construídas durante o percurso formativo nesse ano. As menções ao centenário de Paulo Freire ganharam destaque, tendo seu ponto alto em uma homenagem especial preparada pela coordenadora pedagógica Elta Mineiro e pelo professor Danilo Ormonde, ambos de Ibotirama. A poesia “No Intervalo das Linhas”, de autoria de Elta, virou música nas mãos do professor e na voz de seis estudantes da rede. 
 
Na primeira mesa, os educadores discorreram sobre as contribuições do programa de formação continuada em contexto profissional. A secretária de educação do município de Bom Jesus da Lapa, Leonidia Cristina Macedo foi a primeira a falar e explicou que uma das características marcantes é a união entre a vivência cotidiana e o aporte teórico, promovida pela formação: “O programa de Formação Continuada Territorial subsidia o dia a dia das secretarias municipais de educação de forma muito significativa. As discussões pautadas nas nossas necessidades e o compartilhamento de experiências, conhecimentos, angústias e dificuldades, através desse pacto firmado entre estado e municípios, têm colaborado de forma ímpar para as redes. Compreendemos que não estamos sós.”
 
A educadora técnica Carla Daiane Souza Silva, do município de Malhada, concorda, parafraseando Miguel de Cervantes: “Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade.” Segundo Carla, diante dos desafios impostos pela pandemia do coronavírus, a segurança passada pelos formadores foi essencial para a continuidade do trabalho nas redes de ensino: “Nos levou a reaprender, a ousar, a não desistir, a esperançar. O IAT nos fez acreditar que daria certo.” A também educadora técnica Rejane de Souza Correia, de Jaborandi, complementa ao contar que a formação fortaleceu as tratativas para a implementação da Educação Integral no município, um dos conteúdos trabalhados nos encontros formativos e meta do Plano Nacional de Educação. 
 
Flexibilização Curricular
 
Tema que mobilizou muitos encontros formativos, a flexibilização curricular também esteve em pauta neste primeiro dia de seminários. Segundo NiuzaTeixeira, secretária municipal de educação de Sítio do Mato, a formação teve papel fundamental no entendimento do continuum curricular. Segundo a secretária, a partir dos encontros, foi possível entender e aplicar metodologias que pusessem os estudantes como protagonistas. “Após cada reunião com a formadora, fazíamos reuniões com gestores, coordenadores pedagógicos e professores. Nessas reuniões surgiam questionamentos que serviam para o planejamento colaborativo”, conta.
 
Da mesma forma, no Colégio Municipal Eraldo Tinoco, em Matina, a coordenadora pedagógica Jacilei Bezerra de Souza Rocha depõe que a formação em contexto de trabalho tem sido “valiosa” para as reformulações do currículo, a partir das mudanças causadas pela pandemia. “Precisávamos pensar numa proposta curricular para garantir o direito de todos. As respostas foram construídas coletivamente, a partir das reuniões formativas.”  
 
Os coordenadores e coordenadoras pedagógicos tiveram momentos especiais nas apresentações. De Oliveira dos Brejinhos, Zenaide Alves Pereira, coordenadora no Colégio Estadual Tiradentes, revelou que como tem o papel de formadora do corpo docente, a formação continuada tem sido determinante na sua atuação: “Temos que estudar sempre. A cada encontro, a gente ia se aprofundando e materializando no chão da escola. Aliás, no chão da nossa casa (fazendo menção às aulas remotas). A formação tem sido uma experiência incrível! Com certeza, não seremos mais os mesmos”. 
 
Bethania Borba de Oliveira é coordenadora no Colégio Estadual Rio Corrente, uma unidade que estava há muito tempo sem a figura do profissional de coordenação. Para ela, o caminho trilhado com base nas orientações da formação continuada tem dado resultado. A nota do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) da escola pulou de 2,8 para 3,6, já ultrapassando a meta de 2021. “Indo para a formação, nos sentimos como quem vai na fonte buscar água e volta com essa água”. 
 
Gestão da aprendizagem e ferramentas digitais
 
A sensação também foi partilhada pelos educadores dos NTEs 11 e 25, que participaram do seminário no turno da tarde. As práticas apresentadas foram abrigadas em dois grandes temas: o uso das ferramentas digitais para ensinar e aprender e o uso de indicadores na gestão das redes de ensino. 
 
Amanda Cardoso, técnica na secretaria de Filadélfia, apresentou o Plano Municipal de Educação da cidade, finalizado em 2015, e contou como as estratégias foram se aprofundando a partir dos encontros promovidos pela formação continuada. "Nós já fazíamos a formação de professores, mas hoje a gente já tem um outro olhar para o tipo de texto que a gente leva. Elevou muito a qualidade. Nosso foco, cada vez mais, são os nossos alunos, o que de fato eles precisam. A aprendizagem dos nossos alunos é o nosso troféu”.  
 
O seminário uniu Amanda a Uíres Carvalho, coordenador pedagógico, que vive em Riachão das Neves, a 12 horas de distância de Filadélfia. Uíres trabalha em uma escola da zona rural e quando veio a pandemia, ficou sem saber como as atividades poderiam continuar. "Mas aí durante o primeiro encontro da formação continuada, foi usado o Google meet. Foi o primeiro contato que eu tive com essa ferramenta. Aí eu já pensei: a gente precisa reunir os professores. Recordo-me desse momento com muita emoção. Agradeço demais por isso. Foi como uma cutucada, como se vocês estivessem dizendo: vão lá e propiciem isso para os professores de vocês, para os alunos". 
 
E foi o que fez a coordenadora pedagógica Ana Cristina Laurindo, que trabalha em uma escola de Barreiras. "Depois das leituras realizadas na formação, não podíamos ficar paradas só pensando nos obstáculos. Nós conhecemos diversas ferramentas que passamos a levar para os professores e para os estudantes. Hoje temos uma aprendizagem grande construída". As discussões trazidas pela formação também mudaram o olhar sobre o currículo da escola. "A gente já levou uma outra perspectiva de entender que o currículo é algo que precisa ser viável, que precisa trazer o aluno com o seu projeto de vida, na sua inteireza, para que tenha autonomia para decidir. Não dava mais para fazer o currículo da mesma forma". 
 
E se há mudanças no jeito de ensinar e aprender, também é preciso chacoalhar as maneiras de avaliar. Janair Borges, diretora escolar do Centro Juvenil de Ciência e Cultura de Senhor do Bonfim, do Governo do Estado, apresentou as práticas adotadas por lá. O Centro tem um modelo inovador. Os estudantes inscrevem-se voluntariamente para participar de oficinas pedagógicas e são avaliados continuamente. "Vemos a avaliação como uma forma de produção de autonomia", diz Janair. As autoavaliações são frequentes, assim como o uso de jogos, aplicativos e plataformas para que os professores possam monitorar o avanço dos estudantes. "O que a gente busca é que o aluno seja protagonista". 
 
Confira a agenda dos Seminários Territoriais Saberes e Fazeres (youtube.com/InstitutoAnísioTeixeiraIAT): 
 
18/11 - 9 às 12h - Litoral Norte e Agreste Baiano (NTE 18) e Portal do Sertão (NTE 19)
 
18/11 - 14 às 17h - Território da Bacia do Jacuípe (NTE 15) e Território do Médio Rio de Contas (NTE  22)
 
22/11 -  9 às 12h - Sudoeste Baiano (NTE 20) 
 
22/11 - 14 às 17h - Baixo Sul (NTE 6), Extremo Sul (NTE 07) e Costa do Descobrimento (NTE 27)
 
24/11 - 9 às 12h - Sisal (NTE 04) e Semi-Árido Nordeste II (NTE 17) 
 
24/11 - 14 às 17h - Irecê (NTE 01) e Piemonte da Diamantina (NTE 16)
 
26/11 - 9 às 12h - Médio Sudoeste da Bahia (NTE 08) e Sertão Produtivo (NTE13) 
 
26/11 - 14 às 17h - Chapada Diamantina (NTE 03) e Piemonte do Paraguaçu (NTE 14)
 
29/11 - 9 às 12h - Recôncavo (NTE 21) e Litoral Sul (NTE 05)
 
29/11 - 14 às 17h - Vale do Jiquiriça (NTE 09) e  Bacia do Paramirim (NTE 12)
 
01/12 - 9 às 12h - Sertão do São Francisco (NTE 10) e Itaparica (NTE 24)
 
01/12 - 14 às 17h - Metropolitana de Salvador (NTE 26)
 
03/12 - 14 às 17h - Formadores IAT
 

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