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Projeto reduz reprovação de estudantes de português em Feira de Santana
O aluno deve tornar-se um agente formador de cidadania e de respeito à demanda local através de seus textos
Desde 2009 que a professora de português da rede pública de ensino, Úrsula Cunha, desenvolve um projeto literário com seus alunos. O tema central é “o mundo que temos, o mundo que queremos” e a ideia é levar o aluno a refletir, de maneira crítica, sobre as demandas sociais de sua comunidade. O projeto é anual e acontece nas 4ª, 5ª e 6ª séries do ensino fundamental. São, em média, 75 alunos beneficiados por ano e, como resultado, no final do ano é publicado um livro com textos escritos por esses estudantes.
Para que o projeto dê certo, durante o ano, os professores de português da escola estadual Régis Bittencourt, em Feira de Santana, devem enfocar, em sala de aula, aspectos da região onde moram os alunos e estimulá-los a pesquisar e escrever sobre isso. A grande maioria deles vive no bairro Três Riachos, região conhecida pelo abandono e pela violência.
Ao trabalhar sobre a localidade, os alunos, a partir de um gênero textual proposto pelo professor, passam a refletir sobre o ambiente em que vivem e desenvolvem o interesse pela disciplina. “Em 2011, utilizamos a literatura de cordel para essa escrita biográfica e de denúncia social. Em 2012, os estudantes estão trabalhando com memórias literárias com o intuito de fazer um mapeamento sobre a região e identificar quais as mudanças que aconteceram, em relação aos dias de hoje, e como o meio ambiente reflete essas diferentes épocas”, observa Úrsula, que também é vice-diretora da Régis Bittencourt.
Autoestima - Além do livro “Abraçando o rio Jacuípe”, resultado das pesquisas do ano passado e que já está em sua 3ª edição, faz parte do projeto promover um encontro com os moradores locais para que eles também reflitam sobre o meio ambiente através da prática de letramento. “Alguns desses textos estão nas provas escolares e, além de percebermos uma maior fluência na escrita a partir do projeto, percebemos, também, sobretudo nos alunos que moram em Três Riachos, mais autoestima, o que gera um maior estímulo à aprendizagem e orgulho da cultura local”, enfatiza Úrsula.
Como consequência, os alunos da 5ª série, que participaram do projeto no ano passado, tiveram uma melhora significativa nas notas de português. Houve uma redução de 64% da reprovação nessa disciplina. “O objetivo é, também, transformar o aluno em um agente formador de cidadania e de respeito à demanda local. Notamos que muitos estão com maior consciência ambiental e conseguimos aproximar a comunidade no entorno da escola, que agora frequenta a unidade, não apenas em reunião de pais e mestres”, finaliza Úrsula.
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