Professora de Matina alia arte e educação para fortalecer aprendizagem

O tom suave e doce da flauta despertou em Janildes, quando ainda era criança, o sabor intenso da arte, plantando uma semente que enraizou em sua rotina, por meio de peças, roteiros, fotos, desenhos, poesias e sons, como expressões de vida. A sensibilidade artística e a habilidade, adquirida na infância e incrementada na Universidade Federal da Bahia, no curso de Letras, acompanha Janildes Almeida até hoje, trazendo para os estudantes do Colégio Estadual Grandes Mestres Brasileiros, no município de Matina, informação e conteúdo, transitando por todas facetas da arte.
   
“Nasci com a música ao meu redor, a arte pairava em todos cantos de minha casa. Minha mãe me colocou para aprender música e fui alfabetizada ao lado de uma flauta doce. Cresci e me encantei com a dança, a literatura, o teatro e outras expressões artísticas. Por isso, a arte faz parte de minha formação como pessoa. Neste momento de tensão, nada mais pertinente que usá-la como ferramenta para se expressar. A arte oferece uma variedade de instrumentos para que você possa se compreender e se mostrar para o outro. Levei essas possibilidades para meus alunos e os resultados foram ótimos”, avalia a professora, que está na rede estadual há nove anos.

Com esta influência, a comunidade escolar desenvolveu diversos projetos. Dentre outros, o MoviLitera -  Movimento e Literatura. A ideia e

ra usar todos recursos disponíveis para explorar e vivenciar as obras literárias que iriam cair no vestibular, com profundidade. Nas equipes, cada grupo se responsabilizava por mostrar a obra de uma forma. Poderia ser peça, vídeo, desenhos, pinturas, ensaios fotográficos e recitais. Para Janildes, a linguagem artística é a linguagem do humano. “Escrever não é engessar, escrever é voar e dançar. Você pode fazer isso de várias formas. É se deixar sair do local e seguir para outro, é construir pontes. Não quero que meus alunos fiquem engessados, quero que eles voem através do saber”.

Com a suspensão das aulas presenciais, mesmo sem contar como atividades letivas, os projetos com os estudantes foram focados na possibilidade de fortalecer os vínculos. O objetivo era transmitir conteúdo, porém unindo as pessoas virtualmente. As disciplinas passaram a ser trabalhadas nas redes sociais, com podcasts, leituras poéticas, pinturas e fotografias.
 

A estudante Emille Rayane, de 15 anos, estava com saudades da rotina escolar e a fórmula desenvolvida pela mestra trouxe bons resultados. “Durante a pandemia, a interação com meus colegas e professores foi limitada. Mas a professora Janildes, por meio das redes sociais, tentava sempre nos unir e mostrar que somos uma comunidade escolar, mesmo estando separados. Na quarentena, ela trouxe o projeto "Arte de dentro de casa", que consistia em enviar fotos, vídeos e textos sobre o que estávamos fazendo, pensando ou sentindo. Enviei dois poemas. Foi durante a quarentena que comecei a expressar o que sentia no papel, isso me ajudou muito. Outras pessoas puderam ver minha arte e eu a delas, houve uma conexão entre nós. Sou muito grata pelas ideias que ela propõe e pelo amor à arte que ela expressa em seu trabalho, na nossa escola”.

Reportagem: Pedro Moraes

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