Professora de Caetité preserva as origens e leva motivação e conhecimento para estudantes da zona rural

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As aventuras ao ar livre faziam sua mente voar em um mundo rico, repleto de movimentos, sonhos e imaginação. Rita foi criada no campo, onde correr
atrás de um carro de boi era divertido e se sentar na porta de casa para tomar aquele solzinho ou bater um dedo de prosa era mais um elemento da sua rotina. Filha do comerciante e produtor rural Valmir e da professora Maria de Lourdes, a garota era a irmã mais velha dos pequenos Júnior, Harley e Allan. Como a sua mãe trabalhava nos três turnos dando aula e seu pai tinha muitos afazeres no campo, Rita foi convidada a morar na casa do avô Bejo e da vó Tainha.
 
“Meus pais moravam no distrito de Maniaçu, ficava com eles nos fins de semana e de segunda a sexta, com os meus avós, em Caetité. E era um chamego só, até porque os meus outros avós, Jonas e Edite, moravam na mesma rua. Então, eu transitava entre o afeto dos quatro. Minha infância foi maravilhosa, rica de aventuras e brincadeiras, com muitos primos e vizinhos. Sempre tive meus familiares por perto e todos cuidavam de mim, ou melhor, de nós. Foi neste núcleo familiar, tão único e unido, que vivi e tive a segurança e o apoio para crescer como humana, garota, mulher, profissional, mãe de Sophia e João Antônio, esposa de João Fausto”. 
 
Quando criança, Rita Malheiros estudou na Escola Estadual Senador Ovídio Teixeira. Depois, migrou para o Instituto de Educação Anísio Teixeira, onde já sabia que a área da Educação seria o seu caminho. “Fui cercada por bons exemplos de professores. Minha mãe é minha principal modelo. Ao lado das minhas tias, que também eram professoras, fui apresentada a este universo fantástico e fiquei encantada. Acompanhava as correções das tarefas de casa e os trabalhos escolares. Lembro que ajudava na impressão das atividades, passando o estêncil (tipo de papel) no mimeógrafo ou na máquina de datilografia. Quando minha mãe comprou um mimeógrafo, foi algo revolucionário e as outras professoras de Maniaçu iam para a nossa casa para reproduzir as provas. Era uma festa com muitas histórias regadas a um bom cafezinho feito no fogão à lenha. Sem dúvidas, foram momentos inesquecíveis", recorda.
 
Formada em História, pela Universidade do Estado da Bahia, a professora Rita se dedica à formação na Educação do Campo e atua na rede estadual de ensino há 16 anos, no Colégio Estadual do Campo Pedro Atanásio Garcia, no distrito de Maniaçu. O local é cenário para um grande desafio: resgatar as tradições, as história e a cultura, atrelando-as ao conhecimento de um povo repleto de pluralidade. 
 
Para a estudante Joyce Brito, a professora Rita é o “braço direito” da escola e dos alunos. “Sempre que precisamos, ela está pronta para ajudar. É uma pessoa acolhedora, amiga e uma excelente profissional. Neste ano, estamos com alguns projetos e ela faz de tudo para nos ajudar. Dá para perceber que ela se preocupa conosco e se esforça ao máximo para que tenhamos mais conhecimentos e aprendizados. Isso é lindo de se ver”.
 
 
Joseane dos Santos também estuda com a professora Rita e relata que conhecê-la mudou a sua vida. “Foi um divisor de águas: ela despertou a vontade em mim de adquirir conhecimentos e abriu meus olhos para que eu analisasse os acontecimentos sociais. Aprendi, ainda, a ter empatia pelo próximo. Sempre que realizamos algum estudo de campo ou participamos de reuniões que envolvem viagens e gastos financeiros, pró Rita se preocupa em identificar os alunos que desejam fazer, mas que não possuem condições financeiras, e ela tira do seu próprio bolso para ajudar. Sou imensamente grata por tudo que minha mestra proporcionou e a tantos outros alunos, dando a  oportunidade para nós, estudantes da zona rural, de levarmos a nossa cultura e o conhecimento para fora dos muros da escola, alcançando até outros espaços”.
 
Reportagem: Pedro Moraes

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