Professora da rede estadual alcança primeiro lugar em prêmio nacional com projeto sobre africanidades

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Foto: Divulgação
A professora Márcia Suely Oliveira do Nascimento, do Colégio Estadual Dr. Jair Santos Silva, localizado no município de Feira de Santana, conquistou o primeiro lugar no 2º Prêmio Déa Fenelon de Ensino de História 2023, realizado pela Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil). A educadora da rede estadual concorreu com o projeto “A forma urbana negra do bairro da Rua Nova: identidade, ancestralidade e territorialidade africana na Feira de Santana”. A segunda edição da premiação contou com a participação de docentes de História de todas as regiões do país. Das 18 práticas pedagógicas que foram para a final, avaliadas por uma banca formada por 30 especialistas, cinco foram reconhecidas.
 
Márcia Suely explica que o projeto teve como um dos objetivos promover a conscientização e valorização da identidade cultural e negra. A partir daí a professora lançou para os seus alunos a proposta de criar um documentário, vídeos, telas artísticas, poemas e relatos escritos sobre o bairro Rua Nova e seus moradores. “Era preciso se ver mais do que o persistente discurso da violência. A partir da minha coordenação, desenvolvemos as atividades extracurriculares com os alunos e alunas da 3ª série, matutino e vespertino, e turmas da EJA (Educação de Jovens e Adultos), no noturno. Ficou um trabalho lindíssimo, com abordagem de questões sensíveis sobre preconceito racial, cultura negra e identidade negra, todas debatidas com os estudantes”.
 
A ideia do tema, lembra a professora, surgiu de uma inquietação sua diante da reação de vergonha ou timidez dos estudantes ao responder que eram moradores da Rua Nova. “Daí resolvi escrever um projeto sobre o bairro, que já tinha alcançado o primeiro lugar no Prêmio Jorge Conceição (realizado e, 2022 pela Secretaria da Educação do Estado). Com a verba adquirida com a premiação, em abril deste ano começamos a desenvolver as ações na prática”.
 
Lei de inclusão – Além da importância do reconhecimento de uma prática nordestina, baiana, do interior do Estado, considera a educadora, tem a valorização da aplicabilidade da lei de inclusão em relação às africanidades. “Ao trazermos temas sensíveis, como violência, disputas religiosas, transição capilar, identidade e aceitação enquanto negro, a organização do Déa Fenelon reconheceu o nosso trabalho válido no sentido de fazer a teoria funcionar na prática, com repercussão na televisão local (TV Subaé) e convite da universidade (UEFS) para eu dar palestras sobre a aplicabilidade do projeto. Nossa prática ultrapassou os muros da escola e esta repercussão teve o respaldo da comunidade local, que nos pediu pela continuidade do projeto”.
 
Em relação à conquista propriamente dita do primeiro colocado no II Prêmio Déa Fenelon, Márcia Suely declara: “É uma satisfação para toda a minha comunidade escolar e para mim, enquanto docente, pelo reconhecimento da importância do projeto, principalmente por ser uma prática de ensino que pode ser replicada em outras unidades escolares. Tomara que tenhamos mais projetos como o nosso em nossas unidades escolares. Isso só ratifica que não são os índices que indicam o trabalho de qualidade e para a igualdade e promoção de uma equidade social. Creio que nós, do Estado da Bahia, sempre avançamos muito em políticas públicas inclusivas”.
 
As três primeiras práticas mais bem avaliadas pela comissão nacional receberão certificados atestando o prêmio, além de R$ 5 mil, R$ 3 mil e R$ 2 mil, de acordo com sua colocação. A quarta e quinta práticas selecionadas receberão menção honrosa, na forma de certificado. As escolas onde os projetos foram desenvolvidos irão receber valor equivalente na forma de investimento definido pelos docentes premiados, podendo se constituir em compra, manutenção e/ou instalação de equipamento; aquisição de material bibliográfico e compra; e manutenção ou reforma de mobiliário.

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