Foto: acervo pessoal

Um olhar educacional projetado para a liberdade é a missão do professor de História, Paulo de Tarso Pinheiro de Assis, do Colégio Estadual Paulo VI – Anexo III, no Conjunto Penal de Feira de Santana. O professor vem desenvolvendo um trabalho na perspectiva da Educação Prisional na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), com o objetivo de trazer para o espaço escolar a reintegração de estudantes em situação de privação de liberdade. Dentro de sua disciplina, ele trabalha a arte e sustentabilidade com perspectivas no desenvolvimento de processos pedagógicos específicos, por meio de uma educação voltada para a formação de cidadãos.

O professor Paulo de Tarso destacou que antes mesmo de sua formação em licenciatura em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), ocorreu a formação cidadã por meio dos movimentos sociais. Esta foi determinante para a composição do seu perfil acadêmico e, por consequência, humano e profissional. “Participei ativamente do movimento estudantil, elemento que forjou o meu olhar, a minha maneira de ver e me relacionar com o outro de forma igualitária, ética e humanizadora, longe dos maniqueísmos, do bem e do mal, que julgam, quantificam e classificam pessoas”, afirmou Paulo.

"Trabalhar nesta realidade é desnudar-se de julgamentos superficiais e preconceitos", professor Paulo de Tarso

Segundo a diretora Ana Verena Rodrigues Amorim, por meio do projeto “Sustentabilidade: saberes e diversidade na arte”, o professor em parceria com o corpo docente da unidade de ensino, oportuniza o aprendizado dos estudantes agregando saberes e deveres em um contexto interdisciplinar como possibilidade de orientar, sensibilizar e mobilizar para a mudança de atitude e comportamento. “Ele é um professor que possui um olhar diferenciado, pois, centraliza em seu trabalho a cidadania e direitos humanos, valorizando a vida independentemente de o aluno estar privado da liberdade”, disse a gestora.

A oportunidade de trabalhar na Educação Prisional deu um significado mais profundo à vida do professor Paulo, como afirma. “Hoje, passados nove anos mergulhando no universo da educação para os privados de liberdade, percebo que trabalhar nesta realidade é desnudar-se de julgamentos superficiais e preconceitos, é estar sempre pronto para oportunizar a garantia de direitos e a construção de novos saberes e aprofundamento de outros”.

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Foto: acervo pessoal

Reconhecimento
Para a aluna Adriana Pires, o trabalho do professor é muito importante porque ela teve a oportunidade de concluir o Ensino Médio e agora se prepara para o Enem. “O professor Paulo e toda a equipe nos trata com todo carinho, independentemente do que cometemos. Ele nos incentiva a recuperar o tempo perdido, para sairmos daqui com uma nova vida e transformados”, ressaltou a estudante. Já o aluno Ronilson Macêdo relata que o ensino carcerário melhorou a sua autoestima. “As aulas do professor Paulo nos leva a refletir quem somos de verdade e descobrimos que podemos reescrever a nossa história e recontá-la a partir dos pontos positivos que foram esquecidos até por nós mesmos. Os professores daqui, como Paulo de Tarso, têm ajudado a nos desenvolver com todo cuidado e dedicação”, concluiu o estudante.

>> Assista ao vídeo e saiba mais sobre o trabalho desenvolvido pelo professor Paulo de Tarso