Foto: Emerson Santos - Ascom/Educação

O professor de Artes Cênicas, Hamilton Filho, entrou em 2003 para o quadro de educadores do Colégio Estadual Josias de Almeida Melo, localizado no bairro de Plataforma, em Salvador, com um único propósito: transformar a prática educacional em espetáculos teatrais. O objetivo era despertar nos estudantes a aptidão pelo teatro e dança. Através de releituras de espetáculos da Broadway, os estudantes se veem como artistas, preparados não só para a vida escolar, mas também para brilhar nos palcos da vida.

De acordo com o professor Hamilton Filho, graduado em Artes Visuais e também em Artes Cênicas, além de aprender as técnicas da dramaturgia e da dança, os estudantes se envolvem na construção artística. “Eles se apropriam de todo o processo criativo sendo coautores, pois, participam da produção, projeção, programação gráfica, concepção de figurino, cenas e trilha sonora”, explica o educador. “Participar do grupo de teatro deu um novo sentido à minha vida. Melhorei a minha autoestima e rendimento na escola”, comenta Alice de Paula Fonseca, 13 anos, estudante do 9º ano.

“É um trabalho de formação socioeducativa, porque o aluno se transforma em um ser cultural", professor Hamilton Filho

Até a professora de Ciências, Jaciara Araújo Santos, embarcou nas artes cênicas. Assim como os estudantes, ela também dá vida a personagens que ajudam a contar diferentes histórias. “Gosto muito de interagir com o público junto com os alunos. Isso vem até refletindo na minha prática pedagógica em sala de aula”, afirma a educadora, ao revelar que também dramatiza os conteúdos de Ciências para atrair a atenção dos seus alunos.

Já foram produzidos dois espetáculos inspirados na Broadway. L Amor, em 2013, inspirado em Moulin Rouge e The Killhers, de 2014, que tem como referência o espetáculo e filme Chicago. A novidade deste ano é a montagem de Jellicles, inspirado no musical Cats, também da Broadway. “É um trabalho amplo que engloba toda a escola, ex-alunos e a comunidade. Nos preocupamos com todos os detalhes para oferecer um espetáculo à altura dos teatros”, ressalta o professor.

Hamilton fala que os estudantes envolvidos também se tornam agentes transformadores de outros jovens da comunidade que, mesmo matriculados em outras unidades de ensino, também podem participar. “Eles acabam contagiando outras pessoas, que são atraídas pelo nosso trabalho feito com muita dedicação, profissionalismo e carinho. Além disso, perdem a timidez e se despertam profissionalmente. “É um trabalho de formação socioeducativa, porque o aluno se transforma em um ser cultural e que pode dar retorno à comunidade”.

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Fotos: Cíntia Sacramento - Ascom/Educação

O bom filho à casa torna
Quem vê hoje o ex- aluno Everton Ferreira, 21 anos, extrovertido e cheio de habilidades performáticas nos palcos, não imagina o quanto ele era tímido e calado antes de frequentar as aulas de teatro. Com a timidez superada, ele quis mais; fez formação em dança e voltou ao colégio para dançar e mostrar sua transformação. “Ele deu um show e se tornou um exemplo de superação e sucesso. Voltou com o nível tão apurado que o convidei para ser o coreógrafo oficial dos nossos espetáculos”, revela orgulhoso Hamilton Filho.

Everton conta que, graças ao incentivo do professor, antes e após ter concluído os estudos no colégio, buscou se aperfeiçoar mais e hoje atua profissionalmente no cenário de dança baiano. “Sou muito grato a ele por ter contribuído para a minha formação e bagagem artística e, principalmente, por me fazer acreditar no meu sonho. Estou lisonjeado em ter essa oportunidade de poder passar o meu conhecimento para outros jovens”, ressalta.

Em outros palcos
Os espetáculos não ficam restritos às apresentações no colégio e na cidade. Além de apresentar as montagens no Centro Cultural de Plataforma, quando surge oportunidade, toda a equipe coloca os figurinos na mala e caem na estrada, rumo a outros palcos e espectadores. Eles já se apresentaram no Teatro Dona Canô, no município de Santo Amaro, e no Cine Teatro de Cachoeira, na cidade de Cachoeira.

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