Luz, câmera e ação para o pensar crítico

Em uma sala lotada de estudantes do 1º e 2º ano do ensino médio estão os formadores Geraldo Seara e Marcus Leone, que sob olhares atentos dos jovens, ensinam técnicas de audiovisual, ao mesmo tempo em que estimulam a reflexão e a produção criativa.

Esta cena aconteceu durante o quarto dia da Oficina de Produção de Mídias na Educação, realizada no Colégio Estadual Assis Chateaubriand, no bairro de São Caetano, em Salvador, durante a semana de 19 a 23 de agosto. Os formadores são profissionais da Rede Anísio Teixeira, um programa realizado pelo Instituto Anísio Teixeira (IAT).

É o início da Oficina, e quando o formador começa a falar sobre a construção de sentidos na produção audiovisual, acaba o entra e sai e todos ficam concentrados no conteúdo. “Eles estão aqui desde manhã”, conta a professora de Química e Física, Emmanuelle Ferreira Requião Silva, referindo-se à permanência dos jovens no período da tarde. A professora foi a responsável por articular a realização da Oficina e já pensa em uma atividade multidisciplinar que envolverá o conteúdo que ensina, biologia e filosofia. “A professora aqui está fazendo toda esta movimentação”, diz sorrindo.

 “Vou levar pra toda vida”

“A gente aprendeu coisa que vamos levar para toda vida, porque vira e mexe a gente tem que utilizar a tecnologia”, disparou a estudante do 2º ano, Mailane Sales Carvalho, mencionando que adora escrever e que gostou muito da parte da elaboração de roteiros.

A jovem relata que sua equipe escolheu trabalhar com o tema “Assédio”, no qual simularão uma reportagem de TV sobre uma menina que sofreu assédio.

A estudante do 1º ano, Sabrina Teixeira, que integra o mesmo grupo de Mailane, revela que a atividade está sendo uma preparação para a próxima unidade. “A professora falou que faremos um vídeo na terceira unidade e isso me ajudará a produzir o material”, observou. Sobre a escolha do tema da equipe, justifica: “É o que está acontecendo nas ruas da cidade”.

“Eu percebi que o trabalho era importante, principalmente para desenvolver a interdisciplinaridade. Um trabalho de Química, por exemplo, pode ser trabalhado com temas desenvolvido nas aulas de Filosofia”, comentou a professora de Filosofia, Marlene dos Santos. Ela e mais quatro professores das disciplinas de História, Química, Física e Biologia também participam da Oficina.

Percebendo que era possível usar a tecnologia na sala de aula, a professora Emmanuelle afirma que viu uma oportunidade de ressignificar a construção de conteúdos de forma colaborativa e interdisciplinar. “Dessa forma, os alunos se desenvolvem e tornam-se protagonistas do próprio conhecimento. A oficina contribuirá para o desenvolvimento da atividade da terceira unidade nas disciplinas de química e filosofia por meio da contextualização com a temática do meio ambiente“, contou.

 Jovens pensando criticamente

 

Geraldo Seara explica que a primeira parte da formação, que é direcionada para produção de vídeos, os jovens escolhem o tema e nesse momento de pesquisa, outras disciplinas acabam sendo envolvidas. Somente a partir daí, passam para elaboração de roteiro, finalizando com a captação e edição de imagens. Ao final da semana, apresentam a produção audiovisual aos colegas.

 

“A gente espera que cada vídeo faça uma intervenção na realidade, e só acontece isso, se o pensar for crítico”, destacou Geraldo.

Nesse sentido, o formador Marcus Leone afirma que estes jovens já produzem muita coisa e com instrumentos que já possuem, por isso, a Oficina precisa ter uma finalidade mais ampla. “O objetivo maior dessa oficina é pensar criticamente esse fazer, desde a ideia do que eu quero fazer, por quê e para quem”, salienta.

Leone reforça que os estudantes têm total autonomia na escolha do tema. “O discurso é deles. Nós não viemos com uma proposta pronta. Nós queremos democratizar um saber, para que a partir daí eles possam construir seu trabalho”, conclui.

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