Live promovida pela Cátedra USP aborda políticas públicas de Educação e os desafios impostos pela pandemia

A Cátedra de Educação Básica da Universidade de São Paulo (USP) promoveu, neste sábado (26), um debate com o educador Mozart Neves Ramos, que abordou o tema das políticas públicas de Educação no país, considerando as eleições municipais e os efeitos da pandemia do Coronavírus. O encontro on-line, transmitido ao vivo pelo canal da Cátedra no Youtube, contou com as participações do secretário da Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues; do presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME); Luiz Miguel Martins Garcia; e do presidente da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE), Romualdo Luiz Portela de Oliveira, sob a coordenação da pesquisadora da Cátedra de Educação Básica da USP, Bernardete Gatti.

O secretário da Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues, destacou a importância da parceria para fortalecer a educação brasileira. “Esta é uma agenda muito cara para a gente e que fica muito clara a necessidade de um grande mutirão em torno do fortalecimento da educação no país e acho que este movimento da Cátedra traz uma segurança no sentido de dizer que nós temos parcerias. Temos que ter um fio condutor que garanta que a política educacional seja de Estado e não de governo, portanto que continue após a passagem de nós, gestores. Espero que este compartilhar com a Cátedra possa nos ajudar a fortalecer essa compreensão de uma educação permanente no Estado brasileiro”.

Titular da Cátedra Sérgio Ferreira, do Polo de Ribeirão Preto do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP), que sedia a Cátedra da USP, e ex-reitor da Universidade Federal do Estado de Pernambuco (UFPE), Mozart Neves Ramos abordou o cenário e apontou algumas soluções e os desafios atuais impostos na área da Educação, entre os quais o fortalecimento da relação  entre a Educação Básica e o Ensino Superior. “A gente tem que começar a criar uma agenda orgânica entre a Educação Básica e o Ensino Superior. Se não enfrentarmos esse hiato entre os dois níveis de ensino, acredito que o Brasil não vai avançar, pelos menos em vários aspectos das políticas públicas, entre elas a questão da aprendizagem escolar, que, juntamente com a redução da desigualdade educacional, é, na minha opinião, o grande desafio deste país no campo da Educação Básica”.

O palestrante também pontuou os pilares do novo Ensino Médio e a questão do acesso escolar. “O Ensino Médio tem um papel importante para o acesso à universidade e eu aposto muito no novo Ensino Médio, mas ele tem uma complexidade e alguns desafios postos. Mas os pilares que o compõem, que são flexibilização/diversidade, articulação com o mundo do trabalho, Educação Integral e Educação em Tempo Integral, são particularmente, no meu entendimento, centrais para o enfrentamento dessa questão. O jovem quer uma escola que caiba na vida e ele precisa ter essa escola para dar sentido à sua vida.  Entendo que esse novo Ensino Médio vai possibilitar o diálogo mais direto com o projeto de vida do jovem do século XXI".

O presidente da UNDIME, Luiz Miguel Martins Garcia, falou da necessidade de construir uma agenda orgânica entre a Educação Básica e a Educação Superior. “Esta é uma questão central para a aprendizagem dos alunos. E para que a gente possa potencializar este processo, temos que promover esta simbiose e aprender uns com os outros. Entendo que a rede de Educação Básica precisa aprender com a academia a pesquisar o cotidiano na perspectiva de gerar cidadãos críticos. O Ensino Superior, por sua vez, precisa aprender com o professor que está na sala de aula da Educação Básica o desafio de ensinar e aprender nos diferentes contextos da nossa diversidade. O regime de colaboração também é outro ponto importante dessa construção conjunta, seja da Educação Básica com o Ensino Superior, seja entres os entes federados. Não dá para pensar em um esforço de educação que seja fragmentado”.

Três aspectos relacionados ao momento atual foram destacados pelo presidente da ANPAE, Romualdo Luiz Portela de Oliveira: ampliação da desigualdade de acesso e, consequentemente, aumento da evasão escolar; perda de recursos para a Educação; e   o crescimento do trabalho remoto no pós-pandemia. “A desigualdade do acesso já ficou evidente, vamos ter problema de evasão e isto tem um viés regressivo muito grande. Com a crise econômica que vem junto a este momento, vamos ter perda de recursos para a Educação e precisamos discutir o que vamos fazer. O trabalho remoto, por sua vez, vai se incorporar ao trabalho presencial. Essas três questões são desafios que teremos dentro de um cenário muito complexo que vamos ter daqui para a frente”.

O evento, aberto pelo diretor do IEA-USP, Guilherme Ary Plonski, e pela representante do Itaú Social, Angela Dannemann, contou com a participação de diversos professores doutores, entre os quais   Naomar Almeida Filho (UFBA/Cátedra/USP).

 

Sobre a Cátedra da USP – Criada em 2019, a Cátedra de Educação Básica da USP é uma parceria do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP) com a Fundação Itaú para Educação e Cultura. A Cátedra oferece seminários e cursos gratuitos, com atestados de participação, para professores, estudantes e interessados no tema. Os vídeos das atividades realizadas estão disponíveis no site https://www.catedraeducacaousp.org/ e no canal do Youtube da Cátedra.

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