Terminam neste sábado (27) as inscrições para a 6ª edição do Prêmio Professores do Brasil, uma iniciativa do Ministério da Educação e Cultura (MEC) que valoriza práticas bem-sucedidas e inovadoras nas escolas da rede pública. Os professores podem inscrever suas iniciativas pedagógicas que tenham sido realizadas em sala de aula no ano passado ou até o dia 1˚ de outubro deste ano. Em 2011, uma professora de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, foi uma das vencedoras do prêmio.

A professora de educação infantil Luciana Barbosa dos Santos,  do Centro Educacional Santo Antônio, percebia que seus alunos chegavam às aulas cansados, sem dormir direito, desmotivados.  Muitos tinham problemas de comportamento e dificuldade de se adaptar ao ambiente escolar e vinham de ambiente desestruturado - a cidade de Simões Filho foi apontada como a maios violenta do Brasil, em ranking do ano passado. “Veio como uma luz a  (ideia da) poesia.  Porque a poesia é uma tipologia textual que mexe com o mundo da subjetividade, fala da beleza, da alegria, dos sonhos. Isso possibilita o desenvolvimento das múltiplas linguagens”, conta.
Foto: Claudionor Jr. Ascom/Educação

Um projeto centrado na poesia foi então desenvolvido pela professora na escola, que é apoiada pelas Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). “Promovemos um resgate cultural das poesias folclóricas, das cantigas de roda, das cantigas de ninar, que estão um pouco esquecidas dentro da nossa cultura. Criança gosta muito de brincar, de pular corda, dos momentos do recreio, então mostramos para eles essa forma gostosa de também estar aprendendo”, explica a professora Luciana.

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O projeto foi inscrito no prêmio por iniciativa da escola. “Não esperávamos ganhar, foi uma surpresa, uma alegria muito grande, não só para mim como para toda comunidade”, conta.  "É muito gratificante ter o trabalho reconhecido, a gente faz um investimento muito grande para ver a melhoria no aprendizado das crianças".

Rede de experiências - O professor Vitor Hugo Borba Manzke, coordenador do Núcleo de Estudos em Ciências e  Matemática (Necim), que ajuda a organizar o prêmio, destaca a importância da iniciativa para rede pública. “Os professores podem mostrar a qualidade que existe dentro da escola pública”, acrescenta.

Segundo o professor, os trabalhos pedagógicos apresentados podem interferir com a comunidade das escolas e também ajudam a criar  “um intercâmbio entre as propostas”.  “Nós temos relatos de experiências de professores daqui do Sul que estão trabalhando sucessos que foram apresentados no Nordeste”, conta. “Está se criando uma rede entre os professores da rede estadual no Brasil inteiro”.

Envolvido com o prêmio desde 2009, o professor Vitor Hugo destaca uma experiência do Paraná que resultou em uma lei da Câmera dos Vereadores  de São Miguel do Iguaçu proibindo a venda de álcool e cigarro em até 150 metros da escola. “Com a ação da professora, seu trabalho saiu dos muros da escola e foi ao entorno”, conta.  “A escola acabou funcionando como uma promotora de políticas públicas”.  A experiência aconteceu no Colégio Estadual Coelho Neto, com um projeto que propunha debates, seminários e outras atividades como maneira de sensibilizar os alunos e a comunidade em geral sofre as consequências do uso de drogas.

“A escola pública é uma grande geradora conhecimento, tem profissionais de altíssima qualidade. O fato de olhar para o ensino e permitir que você coloque o seu trabalho, eu acredito que a sociedade passe a olhar a escola pública de outra maneira”, finaliza o professor.

As experiências selecionadas pela comissão julgadora entre as categorias recebem R$ 7 mil, trófeu e certificados. O Prêmio Professores do Brasil tem o apoio do Conselho Nacional dos Secretáriod da Educação (Consed), União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação (Undime), Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Associação Brasileira de Editoras de Livros Escolares (Abrelivros), Fundação Volkswagnen, Fundação SM e Instituto Votorantim.

Fonte: Carol Neves/Correio On-line