“Na escola pública é possível produzir com qualidade. Tenho bons exemplos de que o trabalho dá certo” 

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Em 2009, o professor de química da rede estadual de ensino Ródnei Almeida Souza deu início ao projeto intitulado Química das Sensações. Baseado no livro homônimo de Pedro Faria e Carolina Godinho, o experimento colocava em interação estudantes do terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual Prof. José Barreto de Araújo Bastos, localizada no bairro de São Caetano, em Salvador, com a comunidade acadêmica, em especial os alunos do curso de licenciatura em química, da UNEB. Nos três anos em que foi aplicado, o projeto alcançou mais de 300 estudantes das três turmas do turno matutino do colégio.

Além desse projeto, o professor desenvolveu outras iniciativas junto aos alunos. Uma delas foi o incentivo para a produção de curtas usando celular e a química no cotidiano. Hoje, em busca de novos desafios, Ródnei participa de uma equipe pedagógica, composta por professores da rede estadual, que produz conteúdos para serem utilizados em sala de aula. "A todo o momento, a gente quebra paradigmas. Na escola pública é possível, sim, produzir com qualidade. Tenho bons exemplos de que o trabalho dá certo", destaca o professor.

A ideia do projeto é potencializar o conhecimento, relacionando-o com o dia a dia, e ajudar a desenvolver, nos estudantes, valores como responsabilidade, integração, trabalho em equipe e busca pelo próprio conhecimento. "O resultado alcançado é que o estudante, através desse projeto, passa a entender melhor o caráter da interdisciplinaridade, a aprendizagem prática da metodologia de projetos, a integração entre ensino médio e superior e a contextualização do ensino de química. Essa é uma experiência pedagógica de resultado qualitativo", enfatiza Ródnei.

Química das Sensações - O projeto Química das Sensações consiste em quatro etapas. A primeira é a formação das equipes, com a distribuição dos temas, leitura dos capítulos e resposta do estudo dirigido. Depois, ocorre a preparação de uma apresentação sobre o tema completando a pesquisa em outros livros e na internet. Após essa etapa, os estudantes fazem uma apresentação para a comunidade escolar, com culminância do trabalho em uma feira de conhecimento. Por fim, a equipe com maior destaque em cada tema, apresenta o trabalho para o curso de licenciatura em química da Uneb.

No primeiro ano, houve surpresa e estranhamento com a atividade. "Mas a partir do segundo já havia procura, por parte dos alunos, que já entravam no terceiro ano perguntando pelo projeto", observa Ródnei.  A cada ano, o projeto adota um livro paradidático diferente que dá nome ao evento. Depois de Química das Sensações, foi a vez de Os Botões de Napoleão - As 17 Moléculas que Mudaram a História, de Penny Le Couter e Jay Burreson. No ano passado, o projeto voltou à obra inicial e para este ano está prevista a utilização do livro Um Cientista na Cozinha, de Hervé This.

Uma das beneficiárias do projeto é Rafaela Oliveira, ex-aluna da Escola Estadual Prof. José Barreto de Araújo Bastos, e atual aluna de Ródnei no curso de licenciatura em química da Uneb. "Participar do projeto foi uma experiência bastante desafiadora e de crescimento intelectual pois tínhamos que trabalhar com a interdisciplinaridade e com conteúdos ainda não estudados e que, muito provavelmente, não iriam ser contemplados através do conteúdo programático", complementa Rafaela.

Os professores interessados em saber mais sobre a experiência e os conteúdos produzidos pelo grupo devem entrar em contato com o professor Ródnei Souza através do e-mail rasquim@gmail.com.