Incentivar os estudantes a seguirem seus sonhos é o maior legado educacional da professora Edivânia Barros

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Professora Edivânia Barros
Na sua memória afetiva, Edivânia Barros, 45 anos, guarda episódios de quando era criança e observava o esforço diário da sua vizinha, que, anos depois, veio a se tornar educadora. Dona Aldeíde ia para a escola à noite e, durante o dia, trabalhava como cabeleireira. A garota cresceu tendo nela uma fonte de inspiração e, por causa dela, na adolescência, se despertou para a docência. Mas foi na casa 28 da Vila Vidal, em Fortaleza, onde nasceu da união de Dona Maria e do Seu Manelito, junto a seus sete irmãos e dos vizinhos, que ela percebeu a importância da educação. 
 
“Meus pais tiveram uma origem muito humilde, ambos do interior do Ceará, e migraram para Fortaleza para buscar melhores oportunidades. Minha mãe, mesmo tendo estudado apenas até  a  4ª série,    alfabetizou  os filhos antes mesmo de ingressarem na vida escolar. Meu pai cursou o antigo ‘Segundo Grau’. Ele era mestre de obras e, nas horas vagas, seresteiro e pescador. Foi o primeiro poeta e contador de histórias que admirei. Até hoje suas memórias e canções ecoam na minha vida e na de meus irmãos”, conta. Em Fortaleza, onde nasceu e morou até os 27 anos de idade, começou a dar aulas aos 22, na mesma escola onde pisou os pés pela primeira, na infância. 
 
Antes, dos 16 aos 20, foi catequista de crisma. “Com o Maranathá, um grupo religioso diferente, interessado em debater temas atuais com os jovens do bairro, fui desenvolvendo habilidades de planejamento e comunicação. Dava palestras, tocava violão, organizava shows beneficentes. Nesse mesmo período, me uni a amigos da igreja para dar reforço, voluntariamente, a outros estudantes que viviam em situação de risco. Foi nesse contexto que percebi: educação faz parte de quem eu sou”, relata a professora, que cursou Letras e se especializou em Literatura Brasileira, pela Universidade Estadual do Ceará. 
 
Nos primeiros anos de docência, ainda na capital cearense, atuou em escolas públicas e privadas de Ensino Médio, mas bem cedo já sabia que na carreira pública se sentiria mais realizada, por ter a possibilidade de ajudar outros que, como ela, tiveram origem humilde. “Sabia que para fazer a diferença na vida das pessoas, eu tinha que me desenvolver como docente e como pessoa e a continuidade do crescimento aconteceu longe do lugar onde nasci”. Na capital baiana, sua “segunda casa”, fez mestrado em Educação na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e passou em alguns concursos públicos, sendo um deles para professora da Secretaria da Educação Estado da Bahia. 
 
Atuando como professora do Centro Juvenil de Ciência e Cultura de Salvador (CJCC) – unidade da rede estadual de ensino – desde 2012, Edivânia fala com orgulho da carreira vinculada à uma rede de ensino “tão potente, com professores qualificados e engajados”. “Penso que a escola deve ser um local de prazer, um espaço para o qual o estudante goste de ir e onde se sinta acolhido. Ser professora do CJCC é um marco na minha trajetória profissional, pois além de ser uma importante política pública para Educação baiana, é um tipo de escola que, por meio da ciência, da cultura e da tecnologia,  estimula seus professores à criação, recriação e experimentação, para propiciar o desenvolvimento pessoal e cognitivo aos estudantes”. 
 
Com 16 anos de carreira na rede estadual da Bahia, ela coleciona boas histórias, como a do aluno Jhonatas, no período em que atuava no Colégio Estadual Professor Edilson Souto Freire (2006 a 2012), no município de Dias D'Ávila, e organizava projetos da SEC como FACE (Festival Anual da Canção) e TAL (Tempos de Arte Literária). “Lembro de Jhonatas, estudante do 2º ano que tocava violão, mas não tinha o instrumento. Incentivei-o demais a participar do FACE, com uma canção sua. Ficou em primeiro lugar. O prêmio? Um violão. No ano seguinte, o incentivei a participar de novo. Seu sonho, dessa vez, era um notebook para trabalhar com suas produções autorais. Outra vez, Jonatas foi vencedor e o prêmio veio. Penso que valeu muito dizer para Jhonatas: vai lá, você tem muito talento, acredita nos seus sonhos”, relata, orgulhosa. 
 
No atual contexto político-social nacional, considera, ser educadora se tornou uma profissão ainda mais desafiadora. “Principalmente por vivenciarmos um momento de muitas incertezas e dificuldades, especialmente para nossos estudantes. A pandemia acentuou, sobremaneira, as desigualdades. Como educadora, meu maior legado é poder acolhê-los, escutá-los, apoiá-los em seus projetos de vida e incentivá-los a não desistirem de seus sonhos. Cada vez que os vejo progredirem, entrarem na universidade e terem êxito no mundo do trabalho, sei que vão ter suas vidas e a de suas famílias impactadas de forma positiva para viverem uma vida digna. Quando vejo isso acontecendo, me sinto vitoriosa junto com eles”.
 
Reportagem: Claudia Lessa/ASCOM SEC

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