Relatos emocionados e empolgados que contam muito da essência e da vida de um grupo de estudantes do Topa. Esta é a síntese do livro Se Bem me Lembro..., trabalho de culminância da turma da quinta etapa do programa no município de Várzea Nova (400 km de Salvador). A obra reúne histórias sobre temas diversos relatados pelos alunos, com predominância para aqueles que resgatam a memória e situações da infância de cada um. O livro traz, ainda, uma série de fotos históricas do município, relacionadas com os textos apresentados.

O trabalho foi organizado por Rosiane Paulina, coordenadora de turma do Topa em Várzea Nova. Os textos foram escritos pela própria Rosiane, que colhia os relatos enquanto os estudantes aprendiam a ler e a escrever. “Eu tive a intenção de resgatar e valorizar um pouco da história deles. Além disso, foi uma ótima oportunidade para treinar a oralidade, no momento em que estavam aprendendo a escrever. Eu ouvia aquelas belas histórias de vida e passava para o papel”.

Outro texto que relata memórias é Infância perdida, de Ana Maria de Jesus, de 55 anos. “Numa casa de taipa e chão batido, morávamos eu e meus irmãos. Dormindo no chão e sentindo frio de congelar a alma, aprendemos desde cedo que a vida se apresentava como um desafio diário”, relatou. Já em A Seca de 32, de Maria Nilza Maia, 57 anos, a temática envolve o sofrimento com a falta de chuva no Sertão: “Minha família e eu trabalhávamos na roça, isto é, quando havia trabalho, pois, devido à seca, era muito difícil aparecer serviço rural”, disse.

Recordações – “... o feijão era cozido em panelas de barro, e o sabor... Ah, bem melhor do que os feitos nas panelas de pressão, pressionados pela correria da modernidade”. O trecho é do texto Revisando o passado, escrito com base em depoimento de Eliete de Souza, de 55 anos. “O Topa marcou profundamente a minha vida. Além de aprender a ler e a escrever, o que foi muito importante, pude relembrar experiências de quando criança, quando morava em casa de palha”.