Formadoras investem em acompanhamento pedagógico na construção de agenda e plano de ação

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Na organização da rotina das unidades escolares, alguns instrumentos são essenciais. O plano de ação, para a escola como um todo e a agenda do coordenador pedagógico, para esse profissional, são duas das ferramentas essenciais na definição de metas e objetivos que irão servir de norte para os projetos a serem desenvolvidos por toda a comunidade escolar. Com a utilização correta dos documentos, é possível criar estratégias para sanar questões identificadas nos processos avaliativos e potencializar a aprendizagem dos estudantes.
 
Pensando nisso, as formadoras do Plano de Formação Continuada Territorial da Secretaria de Educação do Estado da Bahia Ajane Morocx Almeida e Rúbia Mara de Souza Cunha iniciaram, nos meses de abril e maio, um processo de acompanhamento e orientação para que os educadores participantes nas suas turmas do Núcleo Territorial de Educação (NTE-15)  pudessem construir ou potencializar as suas agendas e planos de ação pensando nas realidades diversas de cada município. O programa de formação, conduzido pelo Instituto Anísio Teixeira (IAT), já havia tratado sobre estas ferramentas de organização no ano passado, contribuindo para a articulação do trabalho nas comunidades escolares.
 
Ajane também é coordenadora pedagógica e conta que, nos primeiros encontros, elas reforçaram a importância tanto da agenda, quanto do plano de ação. “A agenda é do coordenador e o plano de ação envolve a escola como um todo, suscitando um diálogo importante com o diretor escolar. Também defendemos a importância da organização da rotina do coordenador, para que ele deixe de apagar incêndios e possa realizar a sua função de formador, coordenador e supervisor do processo de ensino e aprendizagem.”
 
Educadora em Baixa Grande, Tânia Petilo de Oliveira foi uma das que viveu algumas dificuldades no papel de coordenadora. Já tirava de letra as funções de professora e gestora escolar, quando foi surpreendida com o convite para ser coordenadora pedagógica da maior escola do município, com quase 900 alunos. A vontade de contribuir era grande, mas faltava formação e informação para o desempenho da função. Quando a secretária de educação ofereceu a vaga no plano de formação, ela aceitou sem pestanejar.
 
“Os coordenadores anteriores também nunca tinham trabalhado com a agenda. Nos encontros com a formadora, fui sendo orientada e minhas dúvidas foram sendo sanadas, o que me ajudou a organizar o tempo certo de cada coisa, inclusive de estudar e isso me ajudou muito”.
 
Hoje, Tânia conta que consegue articular a agenda ao plano de ação da escola e já vê reflexo no desempenho dos estudantes. “Na pandemia, fizemos uma avaliação diagnóstica e percebemos que precisávamos fortalecer a leitura e produção textual. Isso foi contemplado no plano de ação e eu, como coordenadora, já sabia o que fazer, foi uma ação planejada, orquestrada entre todas as esferas da escola. Atualmente, mesmo que saiamos um pouquinho do caminho traçado, já não nos desvinculamos do planejamento.”
 
A formadora Rúbia Mara Lapa Cunha conta que ela e Ajane organizaram as atividades, em princípio, por município, estabelecendo critérios de análise sobre os saberes que, até então, já estavam consolidados entre os profissionais. “O acompanhamento surge como seções didático-pedagógicas para suprir carências de onde não havia a agenda do coordenador ou até mesmo o próprio coordenador, já que alguns lugares ainda não contavam com este profissional.” Um destes municípios é o de Ipirá, que possui apenas oito coordenadores, além de articuladores por área de conhecimento. Para eles, era difícil estabelecer sua função na escola. Com a agenda, eles podiam registrar e acompanhar melhor as intervenções realizadas pelos professores em sala de aula. “Ficaram tão empolgados com a agenda que Ipirá passou a adotá-la como instrumento pedagógico reconhecido pelo município”, conta Rúbia.
 
Um dos ganhos relatados pelas redes é o fortalecimento do trabalho colaborativo, especialmente nas pautas formativas construídas pelos coordenadores. Atualmente, nas ACs (atividades complementares), os professores colocam seus questionamentos, dúvidas e necessidades numa primeira reunião para que, a partir dessas informações, os coordenadores possam construir uma formação que contemple tanto os seus saberes quanto as suas necessidades. 
 
Em Quixabeira, o processo colaborativo também ajuda na construção dos documentos que vão referenciar o trabalho ano a ano. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio Lúcio de Santana, a diretora Táscia Mireli Macedo conta que eles costumam fazer o planejamento anual em conjunto, no momento da jornada pedagógica. Ela, que é ex-aluna da escola, está na sua primeira experiência como gestora escolar e sente que a formação vem trazendo grandes contribuições, especialmente, nas trocas de experiências que as reuniões formativas possibilitam. Ela conta que passou a entender que o plano de ação não é só da gestão, mas de toda a comunidade escolar. “É um documento muito amplo. Só a minha visão como gestora não constrói o plano.”
 
Com o trabalho das formadoras do IAT, percebeu o que precisava adaptar no plano de ação. “Facilitou para a gente se organizar melhor teoricamente e assim nos dar uma maior segurança na hora de levar para a prática.” Como exemplo, conta que, em 2020, a escola precisava estreitar os laços entre família e escola. Na formação, tive oportunidade de dialogar com outras escolas e vi como outras unidades trataram a questão. Então, sob a orientação de Rúbia coloquei isso no plano de ação, pensando em ações, objetivos, forma. Enfim, onde estou e onde quero chegar.”
 
No município, há um departamento pedagógico, vinculado à secretaria municipal de educação, onde os cinco coordenadores pedagógicos trabalham em conjunto e fazem o acompanhamento das escolas. Eles participam da formação continuada em duas frentes, alguns como membros de equipe técnica, outros como coordenadores pedagógicos, o que, segundo Carlos Alberto Oliveira, coordenador, faz toda a diferença. Segundo conta, essa troca de experiências é essencial. “Temos um grupo que se reúne periodicamente e a partir da agenda, traça as metodologias necessárias para desenvolver na escola. A gente senta, pensa em estratégias, metodologias e vai pra prática. É um momento importante de escolhas de prioridades do que vamos conduzir dentro das salas de aula.”
 
Até o final deste mês, após receberem todas as devolutivas dos educadores participantes, as formadoras pretendem finalizar o acompanhamento também por unidade escolar, avaliando em conjunto com os profissionais da escola os resultados do trabalho.
 
Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial 
 
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com o apoio da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e parceria do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. A formação reúne mais de 9 mil educadores e técnicos de todos os municípios dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

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