Formação: educadores compartilham estratégias didáticas nas áreas de ciências humanas e da natureza

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Uma das novidades neste ano do Plano de Formação Continuada Territorial, promovido desde 2019 pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC), por meio do Instituto Anísio Teixeira (IAT), é o aprofundamento nas áreas de ciências humanas e da natureza. Desde o dia 28 de março, coordenadores pedagógicos das escolas municipais e estaduais de toda a Bahia estão se reunindo presencialmente para discutir estratégias didáticas para aprimorar os conhecimentos dos estudantes nestas duas áreas. Os encontros seguem em cidades-pólo de todos os 27 territórios de identidade do estado até a próxima quinta, 7 de abril. 

 

Em Salvador, o encontro foi dedicado à área das ciências da natureza. Os educadores do NTE 26, que reúne 16 municípios da região metropolitana,  trabalharam com uma sequência didática sobre a germinação do feijão para estudantes do sexto ano. "Nós trabalhamos com uma atividade estruturada a partir de um experimento, e aí trouxemos a questão da investigação, da pesquisa, da autonomia dos estudantes. Independentemente do conteúdo, queremos discutir a estrutura. A proposta de trabalhar com processos investigativos perpassa qualquer área do conhecimento", explicou o formador Luciano Dias.  

 

A proposta agradou Simeir Maracás, coordenadora do Colégio Estadual Professor Edson Carneiro, no bairro de São Caetano, em Salvador. Ela participa da formação continuada desde 2019, e ficou feliz com a inclusão das ciências nos encontros, para além das discussões sobre a língua portuguesa e a matemática. "É muito importante, porque a formação inicial dos professores de ciências da natureza acaba deixando a desejar na questão do planejamento, da reflexão sobre a prática. No dia-a-dia, a pessoa vai seguindo algo repetido, engessado. É preciso pensar como essa área pode dialogar com outras, numa proposta de trabalho interdisciplinar". 

A educadora Miriam Lima, que trabalha na Escola Municipal Anísio Teixeira, em Camaçari, começou a atuar este ano como coordenadora pedagógica e também está iniciando agora o seu percurso na formação continuada. Ela saiu animada deste primeiro encontro. "Achei ótima essa perspectiva de levar o objeto de conhecimento da ciência para a sala de aula e promover pesquisa com os meninos. É fantástico, enriquecedor demais. E aí a gente pode ampliar para as outras áreas. É um campo disparador".

 

Em Seabra, cidade-pólo do NTE 3 (Chapada Diamantina), esse primeiro encontro formativo tratou das ciências humanas. Do município de Palmeiras, a coordenadora pedagógica Ana Paula Queiroz, do Colégio Estadual Professora Nilde Maria Monteiro Xavier, participa da formação desde 2019 e opinou que este foi o momento mais proveitoso de todos os que já participou. “A introdução desse debate enriquece muito a formação. Para a coordenação pedagógica, não há tanto material disponível e mesmo que a gente encontre, não traz essa discussão mais contundente de como fazer esse trabalho de orientar o professor.” Nas próximas ACs com os professores, Ana conta que irá se basear integralmente na formação recebida.

 

Ainda segundo Ana, um trabalho mais articulado com as ciências humanas vai contribuir para que os estudantes tenham mais desenvoltura e consciência crítica. “Independente do ENEM, trazer profundidade à discussão das ciências dará subsídio para os meninos  e meninas desenvolverem a capacidade argumentativa para a vida. No Ensino Médio, eles precisam se aprofundar em temáticas importantes para a adolescência”.

 

Cuidar do tempo didático

 

Despertar a consciência dessa necessidade foi exatamente uma das propostas da formadora Maria Joselma Noronha. Ela deixou clara a importância de o coordenador ajudar o professor a trazer para a sala de aula o trabalho com questões sociais “vivas” e de como pensá-las na área de humanas em um currículo mais globalizado, como propõe o novo Ensino Médio. Na quinta-feira anterior às discussões sobre ciências humanas, os coordenadores pedagógicos e diretores escolares tiveram um dia inteiro dedicado a questões referentes ao currículo, seus documentos norteadores e também os desdobramentos para a escola.

 

Joselma observa ainda a necessidade de se reforçar a intencionalidade didática no Fundamental 2 e no Ensino Médio: “Qualquer nível do ensino precisa ser planejado. Alguns educadores ainda estão inseguros para trabalhar com competências e habilidades como a BNCC propõe, mesmo que já façam isso inconscientemente. No entanto, sem refletir sobre o processo, a gente não tem indicadores de resultados, porque se não temos clareza do que queremos ensinar, de fato, também não teremos clareza do que vamos avaliar. Por isso, é preciso cuidar do tempo didático na escola pensando em como gerir melhor o currículo do ensino”.

Segundo a formadora, que também atua como coordenadora pedagógica, é necessário determinar bem os objetos de ensino desde o Fundamental 2, mas especialmente no Ensino Médio, já que as ciências humanas terão carga horária reduzida. “Precisaremos selecionar quais os conteúdos que darão condições de aproveitamento para que os meninos e meninas possam se tornar sujeitos mais ativos socialmente e quais serão aqueles que vão dar condição de seguirem aprendendo na escola.”

 

Como a escola, os profissionais e os estudantes, após tantas dificuldades geradas pelos dois anos da pandemia pelo coronavírus, não serão mais os mesmos, a formadora também defende que um dos aspectos básicos do currículo neste momento seja o acolhimento. 

 

Rosana Mercês, coordenadora pedagógica do Colégio Municipal de Primeiro Grau de Caeté- Açu, em Palmeiras, concorda com essa perspectiva. Ela participou do encontro formativo com Joselma e lembrou que os dois anos de pandemia provocaram grandes questões socioemocionais para as quais este trabalho de acolhimento prévio é fundamental. “Precisamos trazer de volta essa formação geral do ser. A reforma do Ensino Médio traz uma perspectiva técnica, mas o aluno é, também, um ser integral. Precisamos acolher, falar do mundo dele, do seu contexto para, então, seguir a formação acadêmica.”

 

A proposta do Plano de Formação Continuada é que os coordenadores pedagógicos possam multiplicar essas discussões com os professores nos ACs das escolas. No próximo encontro, que acontecerá virtualmente, eles irão compartilhar suas experiências e aprimorar práticas, com o apoio dos formadores. 


 

Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial 

 

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com o apoio da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e parceria do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. A formação reúne mais de 8 mil educadores e técnicos de todos os municípios dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

 

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