Formação Continuada promove intercâmbio de práticas de referência

Palavras-chave:
O avizinhamento é uma premissa do trabalho territorial e colaborativo desenvolvido pelo Plano de Formação Continuada Territorial da Secretaria de Educação do Estado da Bahia através do Instituto Anísio Teixeira (IAT). Nos encontros que reúnem várias turmas de diferentes formadores e, algumas vezes, de diferentes Núcleos Territoriais de Educação (NTE), o compartilhamento das práticas de referência é um conteúdo a mais. As iniciativas que deram muito certo ou que não foram tão assertivas, mas cujos detalhes foram tratados e resolvidos pelos educadores, enriquecem os conteúdos, trazendo para o corpo do programa o que se vivencia em sala de aula.
 
Nos encontros exclusivos para intercâmbio de práticas, tanto os educadores participantes se nutrem das experiências dos demais, quanto os formadores e formadoras do IAT visualizam a maneira pela qual os conteúdos estão chegando ao chão da escola e contribuindo para o avanço das aprendizagens dos meninos e meninas em toda a Bahia. 
 
Michelle Rios é formadora do NTE 3 (Chapada Diamantina) e junto com Maria Joselma Noronha, do mesmo NTE, tem conseguido promover encontros de avizinhamento com frequência. “Somos seres em processo de aprendizagem. Aprendemos sempre com os outros. Eu aprendo muito com as experiências dos educadores, com os seus desafios. Acredito na aprendizagem através da troca”, defende Michelle. 
 
O último encontro ocorreu no dia 8/10 e reuniu as suas turmas sob a intenção de intercambiar as práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas, com base nos conteúdos discutidos na formação, mais especificamente, o ensino de leitura em todas as áreas do conhecimento. Ao todo, 6 projetos de diferentes municípios foram apresentados e, ao final, as formadoras propuseram uma reflexão sobre as práticas e como elas poderiam inspirar os educadores para o planejamento das ações e da agenda do coordenador pedagógico. 
 
Uma iniciativa de outro NTE também foi apresentada. A professora convidada Ruth Cunha, do Colégio Estadual Edivaldo Machado Boaventura, em Ipuaçu, distrito de Feira de Santana, trouxe sua experiência com o Sistema de Avaliação Baiano de Educação (SABE) no fortalecimento do processo avaliativo da escola. Por lá, a primeira avaliação mostrou os conteúdos críticos e, desde então, passaram a realizar as atividades das ACCs (Atividades Curriculares Complementares) como um reforço para estes assuntos, de forma interdisciplinar. 
 
Um dos projetos de Ruth, que é professora de matemática, teve o tema “Educação do Campo e Processos Leitores”. Ao longo das quatro unidades do ano letivo, os alunos puderam observar a medicina popular, receitas caseiras, entrevistar moradores e familiares, fazer projetos de sustentabilidade, além de plantar e construir maquetes com o objetivo de revitalizar espaços da escola. Na atividade “A Geometria do Meu Quintal”, os alunos associaram o estudo de plantas de localização com o tema dos ângulos e polígonos para elaborar projetos para os quintais de suas casas. 
 
No trabalho com conhecimentos de geometria, um dos “gargalos” de aprendizagem matemática na escola, associado ao fortalecimento da leitura, talvez o maior resultado seja a evolução dos alunos no entendimento dos enunciados. “Os alunos passaram a entender que não era tão complicado. Com alunos que são ajudantes de pedreiro, por exemplo, trabalhamos com geometria calculando perímetro, área de piso, coisas que estão ligadas à sua vida”, conta Ruth. 
 
A 350km de Feira de Santana, a Escola Municipal Souto Soares, no município de Palmeiras, realizou também seu projeto interdisciplinar. A vice-diretora Marília Macedo conta que a escola sempre realizou uma Feira das Nações vinculada à disciplina de Língua Inglesa, mas que desta vez a gestão da escola resolveu expandir o trabalho para todas as áreas do conhecimento. Segundo ela, a inspiração para o projeto surgiu com o estudo, na formação continuada, de experiências significativas de aprendizagem oral, escrita, de cultura e mídias digitais. 
 
A feira ocorreu em ambiente virtual e reuniu os alunos do 6º ao 9º ano, além do segmento de educação de jovens e adultos. Além de conectar as disciplinas da escola, o projeto objetivou contribuir com o avanço na produção textual dos estudantes e reconhecer as narrativas orais e escritas como parte da formação cultural. “Ficamos admirados com a participação. Alunos que nunca tinham demonstrado desenvoltura participaram de tudo, cantaram, dançaram, compuseram paródias. Os trabalhos foram belíssimos, os objetivos foram alcançados. Deu tão certo que quando voltarmos para o presencial o projeto vai permanecer.”
 
Em Ibitiara, na Escola Municipal José Pereira de Araújo, os diagnósticos de leitura foram o pontapé inicial para o trabalho com os textos literários, nos gêneros de terror e suspense. Desenvolver o gosto pela leitura foi um dos principais objetivos do corpo gestor, que observou que este tipo de narrativa atraía os alunos. Na biblioteca, conta a coordenadora pedagógica Alcione Souza, os livros mais buscados são os que contêm algum tipo de enigma a ser desvendado.   
 
“Há tempos, viemos tratando a leitura nas diversas áreas do conhecimento, mas com o ensino remoto ficou mais difícil. Então, começamos a pensar em como trabalhar também no remoto. Analisamos os resultados do diagnóstico do ano passado e decidimos que um dos caminhos seria fomentar a leitura pelo prazer”, conta a coordenadora. Segundo Alcione, foram trabalhadas habilidades de língua portuguesa importantes para outras áreas, como inferir informações e entender o sentido de uma determinada palavra em diversos contextos.
Os produtos dessa sequência didática foram contos de terror escritos pelos alunos. Os alunos que participam das aulas online, ao final, deveriam produzir um podcast. A ideia, além de narrar os contos escritos por eles, era fazer entrevistas na comunidade, identificando os produtores e contadores de histórias locais, como músicos e cordelistas.
 
“A melhoria da qualidade da educação é um processo que perpassa pelo planejamento, avaliação, esforço coletivo e formação. Isso é o que vemos bem ilustrado nessas práticas. Este espaço de formação nos propicia aprofundamentos e reflexões da prática. É o contexto de cada um como conteúdo de aprendizagem e inspiração”, refletiu a formadora Michelle, ao final da reunião.
 
Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial 
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com o apoio da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e parceria do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. Por conta da pandemia do Coronavírus, a formação acontece em ambiente virtual, reunindo mais de 8 mil educadores e técnicos de todos os municípios dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

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