Formação continuada promove décimo encontro com consultores do Instituto Vera Cruz

Desde junho de 2020, o Instituto Vera Cruz (IVC) fortalece os conhecimentos didáticos nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática dos formadores do Plano de Formação Continuada Territorial, promovido pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia por meio do Instituto Anísio Teixeira (IAT). Neste mês, nos dias 23 e 24, aconteceu o décimo encontro entre os 127 formadores que atuam no plano e os consultores do IVC. 

Em Língua Portuguesa, os encontros são conduzidos por Marly Barbosa e Ângela Kim e em Matemática, as reuniões ficam a cargo de Carla Milhossi e Samuel Duarte. As reuniões com os formadores têm como missão orientá-los no trabalho com os coordenadores pedagógicos, gestores do processo de ensino e aprendizagem nas escolas. 

Nas turmas de Língua Portuguesa, os formadores retomaram os planos de ação para formação de coordenadores discutidos no encontro anterior. Eles apresentaram estratégias para promover o avanço na competência escritora dos estudantes. Givaédina Souza, que atua no Núcleo Territorial de Educação (NTE) 11, com sede em Barreiras, falou sobre a importância de os coordenadores fazerem um diagnóstico de como os professores trabalham com a produção textual, para verificar como podem contribuir, de fato. Após esse primeiro passo, trouxe sugestões, como trabalhar com oficinas de gêneros textuais e analisar a produção dos estudantes. O plano de ação apresentado pelo seu grupo também incluiu a orientação para que os coordenadores e professores escrevessem sobre essa experiência, produzindo textos acadêmicos. "É muito importante que os educadores publicizem o que estão fazendo, para que as experiências vivenciadas no cotidiano escolar possam ser conhecidas por todos". 

Luciano Souza, formador no NTE 7, com sede em Teixeira de Freitas, lembrou que é fundamental garantir nos ACs momentos mais aprofundados de estudo das práticas diárias da escola.

"A gente percebe a necessidade de adensamento conceitual em áreas específicas, de  voltar a alguns estudos com os professores, sobre concepções de linguagem, gêneros textuais, a partir das suas experiências nas escolas, para que eles possam analisar os pontos positivos e negativos, e quais resultados estão sendo alcançados". 

A discussão sobre tematização da prática foi aprofundada a partir da leitura de um texto da educadora argentina Delia Lerner, referência em estudos sobre aprendizagem. No trecho discutido durante o encontro, Lerner se pergunta justamente quais das práticas vividas em sala de aula deveriam ser levadas para as reuniões formativas, se as "boas" ou as "más", e acaba por concluir que as "boas" promovem possibilidades mais ricas de crescimento.

No segundo tempo do encontro, os formadores se reuniram em pequenos grupos, divididos por NTE, para elaborar a pauta do próximo encontro formativo com os coordenadores pedagógicos focado na didática da Língua Portuguesa.

Nas turmas de Matemática, muitas reflexões foram possíveis a respeito da temática da Probabilidade e Estatística. Dentre gráficos e interpretações, os consultores mostraram como esta parte da matemática está presente em nosso dia-a-dia, bem como a forma com que se relaciona com outras áreas do conhecimento, servindo de base para projetos interdisciplinares que promovam novas interpretações de mundo e dos contextos de vida dos estudantes. 

No entanto, também apontou-se para a necessidade de inserir este assunto nos currículos já desde antes do ensino médio, para que, ao chegar neste estágio, os estudantes tenham maior familiaridade com este estudo e seus desdobramentos. Segundo Carla Milhossi, como é um assunto rotulado como "difícil'', acaba sendo evitado e, ao chegar no ensino médio, já são abordados a partir de fórmulas e problemáticas mais complexas.

“Nas escolas, os currículos costumam tratar dessas temáticas com estudantes mais velhos, apesar de a base (BNCC) prever trabalhos neste assunto desde o 4º e 5º anos, contemplando alguns aspectos como chance ou aleatoriedade de eventos. É importante inserir um pouco antes para quando chegar no ensino médio já ser algo mais construído pelos alunos.”

A consultora alertou também para o fato de ser um assunto não dominado pelos alunos, como mostra alguns resultados de avaliações como o ENEM, que apontam para a inabilidade em analisar variáveis da temática, como a leitura de gráficos. Essa deficiência pode impedir que os estudantes analisem importantes aspectos da vida em sociedade, deixando-os mais suscetíveis a manipulação por dados tendenciosos. A formadora Maria Carolina Oliveira, do NTE 22, com sede em Jequié, concorda: “Pela leitura dos gráficos, pode-se dar um enfoque positivo ou negativo ao seu resultado. Havendo deficiência de leitura desses dados, é possível manipulá-los dentro de uma ótica que favoreça um determinado discurso.”

 

O encontro também buscou refletir sobre a prática de formação do coordenador pedagógico e da subsequente transposição didática do coordenador para o professor. Uma das atividades foi elaborar um plano de ação para a formação dos coordenadores, partindo da importância de formar os coordenadores para não serem apenas reprodutores das trilhas formativas de que estão participando, mas para que possam considerar o contexto da escola, espaço onde surgem as reais necessidades de intervenção.

 

“O coordenador de uma escola do Estado normalmente não é especialista, mas tem que dar conta de trazer situações formativas para as diversas áreas. Isso significa estudar junto não apenas o conteúdo, mas aspectos da didática que ajudem o professor a desenvolver melhor o trabalho com os estudantes. Nosso papel é trazer essa consciência desse papel de formação continuada dos professores. A formação demandada no ambiente escolar faz mais sentido para os professores do que algo que eles recebem pronto de outras instâncias”, afirma Carla.

Cecília Mascarenhas, formadora do NTE 25, com sede em Senhor do Bonfim, acredita que as discussões decorrentes desta temática vão chegar aos professores de forma mais fluida considerando não apenas os conceitos, mas também a significância com que cada um deverá apresentá-los em seus encontros formativos. Ela acrescenta: “A formação continuada tem dado suporte muito grande aos coordenadores e consequentemente aos professores. Algumas vezes a formação inicial não dá suporte para trabalhar em sala de aula”.

 

Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial 

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com o apoio da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e parceria do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. Por conta da pandemia do Coronavírus, a formação acontece em ambiente virtual, reunindo mais de 9 mil educadores e técnicos de 414 municípios dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

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