Formação Continuada inspira texto literário

Desde o início da pandemia, as redes de ensino de todo o mundo vêm se reinventando para conseguir alcançar os objetivos de aprendizagem de cada segmento escolar. No entanto, a versatilidade já é uma característica dos profissionais da educação há muito tempo. Para captar a atenção dos meninos e meninas desde a educação infantil até o ensino médio, muitos recursos e técnicas são empregados nas salas de aula. Essa inspiração contribui para a produção dos estudantes, que, incentivados, exploram e descobrem potenciais muitas vezes ainda adormecidos.
 
E para os profissionais da educação também há grandes inspirações. Uma delas é o Plano de Formação Continuada Territorial promovido pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia, através do Instituto Anísio Teixeira (IAT). O programa conta com 118 formadores que recebem e ministram formação para mais de 8.000 educadores dos 417 municípios baianos. Como não poderia deixar de ser, muitas vezes, os conteúdos e sentimentos provocados pela formação também viram tema das produções tanto dos formadores, quanto dos coordenadores pedagógicos e diretores escolares participantes do programa.
 
É nesse momento que a versatilidade dos educadores vêm à tona: são poesias, músicas e outras manifestações artísticas e acadêmicas, todas fruto desse grande turbilhão de aprendizagens e momentos de partilha que a formação continuada promove. 
 
A formadora Jamile Bonfim é uma das que deu vazão ao talento e resolveu contar, através de um texto poético, a grande aventura de ser formadora do IAT. Para ela, que participa como formadora e também como coordenadora pedagógica, já que também trabalha na rede municipal de Itapé, sua atuação vai além da esfera pedagógica. Ela conta que, nessa configuração, se sente como uma peça de transformação, atuando também politicamente. “A gente consegue pensar sobre a metodologia, mas a gente também consegue pensar sobre a vida, os comportamentos, a geração com que a gente tá trabalhando, todo o processo que envolve essa educação. Com isso eu vejo que o nosso papel tem muito a colaborar para que eles possam se tornar cidadãos de forma crítica e de forma humana.” 
 
Jamile é formadora de uma das turmas do NTE 5 (Litoral Sul) e atua como coordenadora pedagógica das redes municipal e estadual no município de Itapé. Em um trecho do texto, coloca como uma “ousadia” a coragem de participar da seleção para formadora do IAT. No entanto, sua trajetória profissional mostra que a educadora estava mais do que preparada para assumir a função. Formada em pedagogia, pós-graduada em Administração na Educação e mestra em Educação, Jamile trabalha desde os 16 anos em sala de aula. Durante este percurso, atuou como professora, assessora pedagógica, formadora para projetos de educação especial e de jovens e adultos, coordenadora pedagógica do Polo EaD da Universidade de Uberaba, em Itabuna, além de ofertar seus saberes em palestras e oficinas em  jornadas pedagógicas e formação continuada de professores em municípios circunvizinhos.
 
Toda essa experiência conectou-se imediatamente com o plano de formação do IAT, do qual faz parte desde o início, em 2019. Segundo conta, a formação contribuiu para o seu fazer, especialmente neste cenário pandêmico. Ela diz que se sentiu mais preparada para contribuir com a diretoria e os professores da unidade escolar na qual atua. “Acredito que a prática pedagógica melhora muito, pois a formação nos impulsiona ao exercício constante de reflexão sobre a prática docente. Os conteúdos sempre chamavam a atenção para algo salutar: a educação enquanto encontro humano. Isso me levou a pensar na dimensão afetivo-pedagógica de todos os envolvidos no processo de ensinar e aprender e na relevância de pensar e refletir a prática como algo constante e necessário ao aprimoramento da atuação pedagógica.” 
 
Além disso, sobre sua contribuição como formadora do IAT, reitera: “Colaborou no processo de formação dos educadores, especialmente com processos formativos baseados na dupla conceitualização e tematização da prática, reverberando na discussão dos objetos metodológicos e didáticos com mais veemência.”
 
É inegável que os conteúdos propostos chegam aos professores da rede de ensino e Jamile confirma este alcance ao elencar conteúdos de relevância para o desenvolvimento das redes. “Os materiais sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação e priorização e flexibilização curricular ajudaram os professores a definirem os conteúdos prioritários, a fim de evitar sobrecarga dos alunos, além de subsidiar o planejamento do continuum 2020-2021. As atividades de formação de leitores com base nos conteúdos do IVC foram muito apreciadas pelos educadores, bem como as sequências didáticas de Matemática que provocaram um repensar acerca das práticas ultrapassadas e focadas apenas em aulas expositivas.”
 
As discussões mais impactantes, na opinião de Jamile, foram sobre os conteúdos da prova SAEB. Ela conta que a formação desmistificou a prova, revelando a necessidade de um trabalho contínuo, não apenas nos anos de sua aplicação. “Graças à Formação Continuada essa prova deixou de gerar medo nos educadores, que compreenderam a necessidade de planejar a aplicação e, sobretudo, de rever práticas pedagógicas que ajudem os alunos a desenvolverem competência leitora e de resolução de problemas matemáticos durante todo o processo de aprendizagem. Os professores deixaram de perceber a prova como instrumento burocrático para ranking dos resultados do IDEB e valorizaram as matrizes e descritores, competências e habilidades por trás dos dados numéricos.”
 
Todas estas transformações são registradas no texto de Jamile, que foi apresentado no dia 11/12, no último dia do evento oficial de encerramento do ciclo anual do programa de formação, tendo a presença do Secretário de Educação do Estado, professor Jerônimo Rodrigues, além de toda a equipe do IAT e todos os formadores e articuladores pedagógicos do programa.
 
Leia o texto na íntegra aqui.
 
FORMATÓRIA
 
Quando li o edital, parei e pensei de forma ensejadora
Que ousadia! Mas vou me submeter à seleção de formadora
Não considerei tempo, distância e nervosismo que eclodia
Viajei, cheguei, adentrei nesse lindo espaço chamado IAT, na Bahia
 
Instituição de muita identidade e reconhecimento na formação
Que tem um relevante papel e grande legado na educação
E que vem até hoje sendo gestada com muita paixão
Transformando, potencializando e redimensionando sua ação
 
No processo de início desse ciclo até agora
A atuação do IAT só aprimora
Sinto isso quando sou formada e reverbero como formadora
Que ao educar me torno semeadora
Porque aprendo a transgredir, ser militante e politizadora
 
No IAT encontro com as diferenças e me fortaleço na heterogeneidade
Aqui somos tratados como educadores e gente de verdade
Seja de forma presencial ou virtual, o que vivenciamos aqui na escola irradia
Porque com criatividade e força não paramos nessa pandemia
 
Somos educadores que educamos humanos
Com uma regionalidade que pulsa em nós baianos
Não sei se lembrarei todos os nomes e para que isso não me descabele
Agradeço tudo que aprendo com essa competente equipe liderada por Cibeli
 
A cada encontro presencial saio daqui com a emoção à flor da pele
Não há lugar para o choro, se lamentar, porque mais um momento vai acabar
 
Na bagagem levaremos conhecimentos mediados no IAT, por Fátima Freire etc e tal
Antes de finalizar, digo que não sou poeta, mas educar é minha função primordial
Já que na Bahia temos trabalho de qualidade, além do nosso axé, forró e carnaval.
 
Jamile Bomfim- Formadora NTE 5

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