Formação continuada: Educadores discutem conceitos e possibilidades pedagógicas do ensino híbrido

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É raro encontrar algum educador que ainda não tenha ouvido falar em ensino híbrido, ainda mais nesses tempos de pandemia. Mas você sabia que essa metodologia de ensino foi pensada anteriormente, para ser desenvolvida presencialmente nas salas de aula? Os educadores baianos estão discutindo os conceitos, modelos e possibilidades pedagógicas do ensino híbrido durante os primeiros encontros formativos com as equipes técnicas das secretarias de educação de 414 municípios do Estado. 

As reuniões fazem parte do Plano de Formação Continuada Territorial da Secretaria da Educação do Estado da Bahia, realizado pelo Instituto Anísio Teixeira (IAT), que começou em 2019 e vai até o ano de 2022. Os educadores são divididos por turmas, agrupadas a partir do Núcleo Territorial de Educação (NTE) onde atuam. Num dos encontros do NTE 18 - Litoral Norte e Agreste Nordestino, realizado no último dia 4 de maio, a formadora Helaine Pereira falou sobre a importância de  "arrumar a casa" e não tratar ensino híbrido, ensino remoto e ensino a distância como se fossem sinônimos. 

 

Depois de delimitar o conceito de cada um deles, Helaine se debruçou mais demoradamente sobre o ensino híbrido, realidade vivida por grande parte dos educadores hoje. Ela explicou que nessa modalidade, há uma combinação do online e do offline. "Como ele foi pensado para a sala de aula presencial, a ideia é que os estudantes teriam atividades online e offline naquele espaço. O ensino híbrido também pressupõe um currículo mais flexível, a integração de diferentes tempos e espaços e a personalização da educação". 

 

Helaine lembrou que a simples alternância entre ensino presencial e remoto não se configura em ensino híbrido. "Por si só, não é. Precisa integrar realmente o presencial com o online, fazendo com que o estudante tenha autonomia nessa trilha". 

A turma trabalhou com o texto "Transitando de um ensino remoto emergencial para uma educação digital em rede, em tempos de pandemia", dos autores José Antonio Moreira, Susana Henriques e Daniela Barros, da Universidade Aberta de Portugal. 

Suely Santos, articuladora na Secretaria de Educação de Pedrão, contou que o município adotou uma nova plataforma de ensino, para qualificar as aulas remotas, e falou sobre a importância de direcionar o olhar para os ganhos que as tecnologias podem trazer para a educação. "Apesar da pandemia nos trazer esse momento de terror, traz também muita aprendizagem. Se não fosse por isso, a gente iria continuar na nossa comodidade do quadro e do giz. Agora a gente percebe como a internet pode nos ajudar. O professor é um pesquisador, está sempre em busca, e precisa se atualizar e acompanhar as inovações tecnológicas". 

Viagem no tempo

Em outro encontro formativo, com membros das equipes técnicas dos municípios que compõem os NTEs 9 (Vale do Jiquiriçá) e 12 (Bacia do Paramirim), o ensino híbrido também esteve em pauta. Realizado no dia 6 de maio, foi quase como uma viagem no tempo. A ideia inicial do encontro, da turma da formadora Patrícia Pimentel, foi relembrar os recursos materiais e tecnológicos disponíveis no tempo de escola de cada um e, assim, traçar comparações com o momento atual. 

Com informações pautadas nas formações de formadores promovidas pelo IAT com as doutoras em Educação Elaine Soeira e Sheilla Conceição, além dos conceitos, modelos e possibilidades pedagógicas para o ensino híbrido, Patrícia se debruçou também sobre os diversos perfis e papéis desempenhados pelos atores escolares na inserção deste modelo. Com uma conceituação esclarecedora sobre as diferenças entre educação a distância, ensino presencial mediado por tecnologias, atividades pedagógicas não presenciais e ensino remoto, a formadora abriu as discussões que traziam referenciais sobre as mudanças no perfil dos professores e na autonomia dos estudantes.

Segundo a formadora, enormes possibilidades se abrem nesta ampliação de papéis, sendo os professores agora não apenas transmissores de saber, mas mediadores na busca pelo conhecimento, protagonizada cada vez mais pelos próprios estudantes. “É uma mudança rápida de cultura, um salto quântico nas questões educacionais”. 

Rogério Oliveira, educador técnico de Irajuba, presente à reunião de Patrícia, concorda. Ele contou que no seu município, por muito tempo, se falou apenas em projetos de ensino. Com as possibilidades trazidas pelo compartilhamento de responsabilidades com os estudantes, os modelos estão sendo repensados baseando-se na promoção da autonomia entre eles. “É uma boa oportunidade de focarmos nos projetos de aprendizagem”.

Patrícia, que também atua em sala de aula, não deixou de lado a abordagem tecnológica que trouxe como uma das premissas para o engajamento e produção criativa dos estudantes. “Como professora, os desafios são muitos, mas o primeiro, mais importante, é de fato a tecnologia, a adaptação, o manejo. O segundo ponto é o entendimento de como esse processo se dá.” Segundo ela, mesmo com as limitações iniciais, muita coisa bacana foi realizada nas redes de ensino para motivar e engajar os estudantes.

Ao concordar, o educador Lourenço Vieira, presente à reunião, foi categórico: “A tecnologia (digital), mesmo na volta presencial, permanecerá por longos anos. A gente acredita que ela veio pra ficar.” Lourenço contou que já se adiantou e, além das formações do IAT, está fazendo curso de mídia na educação. “Podemos virar a página. As possibilidades que os novos recursos vão nos dar são imensas.”

Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial 

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com a parceria da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. Por conta da pandemia do Coronavírus, a formação acontece em ambiente virtual, reunindo educadores e técnicos dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

 

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