Formação Continuada - Educadores dialogam sobre a questão do "Cuidar nas escolas"

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“O cuidado produz o homem”. A frase, tão bonita quanto potente, tem guiado ao longo das últimas semanas os encontros do Plano de Formação Continuada Territorial, promovido pela Secretaria da Educação, por meio do Instituto Anísio Teixeira. Educadores de todos os 27 Territórios de Identidade da Bahia estão discutindo o papel do coordenador pedagógico e da gestão nas escolas e seus compromissos com o cuidar.
 
Falando assim, parece algo um tanto vago, comum a nós todos, educadores ou não. A ideia das reuniões é mostrar, justamente, o caráter especializado que esse cuidado precisa ter nas mãos dos gestores e coordenadores pedagógicos, partindo do comprometimento com os processos de aprendizagem.
 
As discussões foram guiadas pela leitura do texto “O coordenador pedagógico e a questão do cuidar”, da professora doutora Laurinda Ramalho. Num dos encontros do NTE 16, com sede em Jacobina, em 13/8, os educadores se dividiram em duplas para preparar a apresentação, sob orientação da formadora Renata Lopes.  
 
Nirivan Carneiro, coordenadora no Colégio Estadual Polivalente de Miguel Calmon, começou a sua fala com uma reclamação. Tinha ficado com a maior parte do texto. “É brincadeira, gente, quis falar igual meus estudantes do Ensino Médio”, riu, antes de discorrer sobre práticas centrais no trabalho dos coordenadores, como planejamento e cuidado com as aprendizagens e auto-estima dos estudantes. 
 

"Nós fazemos a escola e precisamos acreditar nela como instituição sólida e de função social insubstituível" - Nirivan Carneiro - Coord. Pedagógica

 
 
Coordenadora de formação, Nirivan atua apaixonadamente na área desde 2012. “O nosso papel é indispensável no ambiente escolar. Nós somos o elo que consegue unir os membros da unidade escolar, os estudantes, professores, família e gestores”. Durante a reunião, ela ressaltou a importância de que o coordenador seja um parceiro do professor. “Na minha escola, nós trabalhamos juntos, pois entendemos que o foco do nosso fazer pedagógico é sempre a formação integral de nosso aluno. Meu papel como coordenadora é apoiar as boas práticas, valorizando e multiplicando os seus resultados. As práticas que ainda não conseguem ser caracterizadas como boas a gente senta com o professor e propõe a realização de mudanças e melhorias. Assim, todos crescem e todos são corresponsáveis pelo sucesso e/ou fracasso. A escola torna-se um espaço de solidariedade”, disse. 
 
Para Nirivan, a formação continuada está fortalecendo esse processo. “As atividades propostas, desde a formação que ocorreu no ano passado, nos deram muito suporte na nossa prática pedagógica na escola”. Ela acredita tanto na educação pública que suas duas filhas estão matriculadas em escolas da rede. “Sempre busco dar o meu melhor pensando em construir uma educação sólida para que nossos filhos possam usufruir de uma formação de qualidade. Nós fazemos a escola e precisamos acreditar nela como instituição sólida e de função social insubstituível”.
 
O lugar do coordenador
 
Ouvindo as discussões durante a reunião, o educador Valtermir Almeida, que também vive em Miguel Calmon, lembrou que até pouco tempo, quando dava aulas de matemática, via o coordenador pedagógico com desconfiança, como um “fiscalizador”. “Eu pensava: ele não sabe nada do meu conteúdo, como vai observar minha aula, me dizer o que fazer?” 
 
Sua visão mudou na prática, quando ele mesmo se tornou coordenador, há três anos, “por uma imposição da vida”. Durante o trabalho na Escola Municipal Horácio Pires de Lima, viu que seu novo papel não era o de um “intruso”, mas de um “cúmplice”. “A gente costuma ouvir o professor, pôr em prática algumas das suas ponderações, as sugestões que ele traz, e buscar estratégias para realizar aquilo que nós planejamos a partir das escutas nos ACs. Dar estrutura para que a prática possa acontecer”, contou. 
 
Esse percurso segue cheio de dificuldades. Valtemir considera que ainda tem alguns “ranços” e que continua em processo de transição entre os papéis de professor e coordenador. Nesse sentido, diz, "a formação é importantíssima e contribui muito para o crescimento profissional. Nós estamos tendo contato com profissionais de outras escolas, outras cidades, tendo a oportunidade de ter acesso a estudos e especialistas, então essa interação ajuda muito para a nossa prática na escola. Com certeza, no futuro, a gente vai estar muito mais preparado. Com a formação, a gente tem essa condição de melhorar.  Isso tudo vai se reverter nas nossas práticas na coordenação pedagógica, nas nossas estratégias para lidar com os professores, os estudantes, a comunidade.  Que a gente consiga melhorar cada vez mais, porque a educação precisa disso”. 
 
Formação Continuada 
 
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos, das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação. A ação, que conta com a parceria da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. Por conta da pandemia do Coronavírus, toda a formação acontece num ambiente virtual e reúne mais de 9 mil educadores e técnicos dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

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