Formação Continuada: Articuladores pedagógicos e formadores discutem aprendizagem em contexto remoto

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A organização do trabalho pedagógico na retomada das atividades letivas no contexto da pandemia foi o tema escolhido para o primeiro encontro anual de formação de formadores do Plano de Formação Continuada Territorial, promovido pela secretaria de Educação do Estado da Bahia e pelo Instituto Anísio Teixeira (IAT).  As reuniões aconteceram nesta sexta e sábado (19 e 20 de março) e contaram com a presença de  127 formadores e 15 articuladores pedagógicos. Eles formam a equipe responsável por garantir a formação continuada de cerca de 8 mil educadores baianos, entre coordenadores pedagógicos, diretores escolares e técnicos das secretarias de 406 municípios baianos nos 27 territórios de identidade. 

 

Nesse primeiro encontro formativo, as doutoras em Educação Elaine Soeira e Sheilla Conceição trouxeram as novas tecnologias digitais para o centro das discussões, apresentando diversas alternativas para que o processo de ensino-aprendizagem continue se desenvolvendo em tempos de pandemia. “Há a necessidade de viabilizar o processo de ensinar e aprender, com o uso de diversas metodologias, a serem escolhidas pela realidade de cada local, de cada unidade escolar”, afirma Elaine.

 

Acreditando na superação dos desafios que as escolas estão vivenciando por conta do distanciamento físico, a educadora completa: “Ainda não se sabe o que está por vir, por isso trazemos possibilidades de forma mais ampla, pensando em como trabalhar em cada contexto.” 

E esse mundo de possibilidades descortinadas pelas tecnologias a serviço da educação serviu como base para o encontro, que se desmembrou entre ferramentas digitais, ensino remoto e híbrido, planejamento e avaliação no contexto de distanciamento social e, não menos importante, a elaboração e escolha de conteúdos para serem trabalhados nos meios digitais. Segundo as consultoras, as ferramentas chegaram neste momento difícil, mas espera-se que os meios digitais sejam incorporados no contexto escolar, mesmo quando as aulas presenciais forem retomadas. 

Para que isso seja possível, no entanto, deve-se enxergar as ferramentas digitais como possibilidade de motivação e engajamento dos estudantes, percebendo-os também como produtores de conhecimento, para os quais será importante apresentar o digital como forma de interação, além do entretenimento. O formador Ângelo Oliveira, presente na reunião da sexta-feira, reiterou que é preciso pensar em como transformar a aprendizagem num espaço de ‘autorar’.

O formador Luciano Dias, que participou do encontro de sábado, ressaltou que esta é uma oportunidade histórica para pensar uma nova educação, de fato. "Implementar tecnologias digitais não significa dizer nova educação. Nós precisamos levar mais perguntas do que respostas aos estudantes, e a partir das indagações deles, trabalhar os conteúdos que a gente pretende. Construir diálogos a partir dessas curiosidades. Se não partimos disso, a gente não chega a lugar nenhum. Só existe conhecimento quando existe interação". 

Colaboração

A formadora Carolinda Oliveira, presente ao encontro na sexta, concorda. “O ensino remoto tira a gente deste lugar do único que sabe sobre determinado assunto. O grande ponto positivo que enxergo no ensino remoto é a colaboração, a humildade de entender que a gente não sabe tudo.” Em consonância, Eliara Teixeira, formadora, acrescentou que na sua escola a filosofia Ubuntu (Eu sou porque somos) está mais viva do que nunca. "Estamos nos formando colaborativamente, cotidianamente.”

A consultora Elaine Soeira reafirmou a importância da colaboração nos processos de ensino e aprendizagem, potencializada pelas novas tecnologias. “Nós não percebemos outra forma de enfrentarmos esses desafios que estão postos se não for de forma colaborativa. Em cada interação com cada grupo a gente ensina, mas aprende também.”

Sheila elencou aspectos essenciais para que essa ideia da colaboração seja transformada, de fato, em prática pedagógica. Dentre saberes nos âmbitos cognitivo, comportamental e social, mais uma vez as tecnologias aparecem para fortalecer a interação e o engajamento, além de fomentar a criatividade entre os estudantes. A educadora, no entanto, faz um alerta: “Vamos pensar a tecnologia como ferramenta e não como espaço de construção de aprendizagem”. O desafio não é apenas adaptar a aula presencial para o online, mas pensar como estes meios ajudarão a garantir as aprendizagens. 

Como o Plano de Formação Continuada Territorial é também um espaço plural de cuidados, o lado emocional dos profissionais que conduzem as aulas sem a presença física dos estudantes também foi discutido a partir de uma inquietação do formador João Rodolfo, que falou sobre a falta de contato visual e das novas dinâmicas num espaço com poucas regras de conduta. Cybele Amado, diretora-geral do IAT, ressaltou a necessidade de perceber o tempo e as condições sociais e familiares dos estudantes, muitas vezes com duras realidades em casa. "Neste primeiro momento de retomada das aulas, precisamos ser um espaço de acolhimento, afeto e escuta". 

Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial 

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação. A ação, que conta com a parceria da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. Por conta da pandemia do Coronavírus, a formação acontece num ambiente virtual, reunindo educadores e técnicos dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

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