Foco nas avaliações externas é pauta de encontro da Formação Continuada Territorial

“No amplo território do pelourinho, homens e mulheres ensinam e estudam. Universidade vasta e vária (...)”. A frase está no livro “Tenda dos Milagres”, de Jorge Amado, e inspirou os formadores durante a abertura de mais um encontro do Plano de Formação Continuada Territorial com os consultores do Instituto Vera Cruz, de São Paulo. Coube a Gildeci Leite, formador no Núcleo Territorial de Educação 3 (Chapada Diamantina), apresentar uma leitura aprofundada desta obra de Jorge. "Para Jorge Amado, todo mundo produz conhecimento. O que ele nos traz é que todo ser humano que é oportunizado é capaz de aprender". 

 
A mesma crença guiou as reuniões com o IVC, que aconteceram na sexta (27/8) e no sábado (28/8), fortalecendo os conhecimentos didáticos nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática dos formadores e articuladores pedagógicos do Plano de Formação Continuada Territorial, promovido pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia por meio do Instituto Anísio Teixeira (IAT).

Em Língua Portuguesa, as consultoras Marly Barbosa e Ângela Kim trouxeram diferentes gêneros textuais, promovendo reflexões sobre suas características e o reconhecimento de diferentes possibilidades de trabalho para mobilizar as capacidades e procedimentos leitores. O encontro com os formadores foi construído a partir das principais dificuldades dos estudantes baianos apontadas pelas avaliações externas. As provas do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) voltam a ser aplicadas esse ano.  
 
Marly lembrou que todos os profissionais da escola devem trabalhar com estratégias de leitura, e não apenas aqueles que dão aulas de língua portuguesa, para que os estudantes consigam localizar informações com facilidade e possam reconhecer relações de causas e consequências, entre outras habilidades. "O foco é no avanço das escolas na formação de leitores nos diferentes componentes de ensino, visto que o texto e a prática de leitura são inerentes a todos". 

A formadora Michelle Rios contou que o encontro foi muito proveitoso. "Gostei bastante das reflexões sobre as habilidades leitoras, especialmente neste momento de avaliação externa. E a metodologia que a gente usou também é muito interessante para os próprios professores trabalharem com os estudantes. Tem muita coisa que a gente pode aproveitar". 
 
Um outro formador, Ivan Cardoso, do NTE 21 (Recôncavo), transformou em poema a experiência vivida na reunião anterior, realizada em julho:
 
"Confesso não sou conhecedor vernáculo apurado
nem escritor de best-seller
sou apenas um geógrafo sonhador
e poeta eu sou quando escrevo com a vida
fazendo relatos, retratos e experiências vividas
como esse registro, do encontro anterior.
(...)
Nós somos os poetas da educação
poetas em constante e continuada formação".

Assim como na área de língua portuguesa, a matemática também traz a característica de interdisciplinaridade na escola, além de ser uma área do conhecimento muito presente na vida dos estudantes. Neste 11º encontro do IVC com o grupo de formadores e articuladores, os consultores Samuel Duarte e Carla Milhossi orientaram tanto a análise das últimas pautas formativas elaboradas quanto a construção de uma nova trilha para os próximos encontros de matemática com os coordenadores pedagógicos e diretores escolares.

Sobre as pautas já aplicadas, foi possível identificar tanto a fluidez na aplicabilidade com os grupos de educadores participantes nas turmas de formação quanto as dificuldades encontradas pelos formadores nesta transposição, considerando a diversidade entre as turmas. Uma das formadoras que aplicou a pauta foi Janaína Barros: “A pauta de grandezas e medidas rendeu muito, já tenho sequência didática com outro conteúdo usando o caminho metodológico da formação.”

Maria Joselma Noronha também relatou a sua experiência com os coordenadores pedagógicos: “Os coordenadores aproveitaram a pauta para todas as áreas, para fortalecer as questões didáticas da escola”. Segundo ela, é preciso priorizar temas que considerem as subjetividades de cada turma para garantir maior eficácia do processo formativo. 

O formador Luciano Andrade acrescentou que, no ensino da matemática, é preciso buscar um caminho que fuja da mecanização. “Hoje é primordial que a gente trabalhe estratégia de cálculo em todos os conteúdos matemáticos. Da hora que acordamos à hora que vamos dormir vivemos a matemática, mas quando chega na escola é a matéria menos apreciada. Não vejo outro caminho que não seja a valorização do erro, ouvir os estudantes e usar a estratégia de cálculo.”

Janaína Barros concorda: “Muitas vezes achamos que é preciso construir um instrumento específico para entender como os estudantes aprendem, no entanto, olhar as hipóteses (erros) é nos aproximar do que eles sabem. Esta é a chave para intervenções mais ajustadas.” 

A partir das contribuições, foi possível levantar critérios e unidades temáticas para a elaboração da nova pauta, considerando que o foco, com a proximidade da prova do Saeb, será na avaliação externa. Uma intensa discussão ficou por conta das provocações feitas pelos consultores ao trazerem quatro sentenças relacionadas à resultados e metas dos descritores da prova para análise pelos formadores. A atividade evidenciou a importância dos parâmetros na observação de índices, resultados e metas relacionados às avaliações.

“Cuidado com as análises que a gente faz para pensar nos índices. Não existe certo e errado, mas o quanto cada afirmação traz de dúvidas, possibilidades e interpretações”, completou Samuel.

Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial 
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com o apoio da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e parceria do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. Por conta da pandemia do Coronavírus, a formação acontece em ambiente virtual, reunindo mais de 9 mil educadores e técnicos de 414 municípios dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.
 

 

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