Estudantes apresentam peça teatral e alertam sobre o racismo

Foto: Claudionor Jr. Ascom/Educação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esta sexta-feira (18) foi de muita arte e emoção para a comunidade escolar do Colégio Estadual Dona Leonor Calmon, no bairro de Fazenda Grande II, em Salvador, que foi toda mobilizada em apresentações teatrais sobre a Conspiração dos Alfaiates – ou Revolta dos Búzios. Com gestos, sons e palavras, os estudantes contaram esta história de 1798, marcada pelo dia 8 de novembro, quando os quatro líderes da rebelião foram enforcados na Praça da Piedade, em Salvador, e suas cabeças expostas ao público. Mais do que encenar, os estudantes destacaram o projeto pedagógico de combate ao racismo e de promoção da igualdade étnico-racial da unidade escolar.

Na atividade alusiva ao Novembro Negro, foram apresentadas 28 cenas, livremente inspiradas na Conspiração dos Alfaiates – ou Revolta dos Búzios. Cada turma apresentou uma cena de 15 minutos e concorreram, entre si, aos prêmios de Melhor Turma, Texto, Diretor, Ator, Atriz, Cenário, Figurino e Maquiagem, Imprensa, Produção e Revelação.
 
Lizandra Santos, 15 anos, 1º ano C, diretora teatral da sua turma, falou sobre a aprendizagem desta experiência: “Nós, estudantes, temos que usar as mais diversas formas de comunicação para combater o racismo para que possamos ter uma sociedade igualitária e justa. Trabalhar a Conspiração dos Alfaiates é muito importante porque muita gente desconhece essa história. E quando a gente ganha conhecimentos, entende melhor o porquê do racismo, por exemplo”.
 
 
A estudante Brenda Portela, 18, 1º A, também diretora cênica da sua turma, disse que aprofundar o assunto mudou os seus conceitos relativos a diversos assuntos, principalmente sobre racismo. “Sem conhecer a história, a gente não tem muita clareza sobre o que acontece no presente. Se não fossem os quatro heróis dos Alfaiates, por exemplo, poderíamos estar ainda mais atrasados na luta contra as opressões, como racismo e homofobia”.
 
Com o orgulho do título de ‘Melhor Ator’, conquistado na edição passada do festival, Anatan Oliveira, 18, 2º ano, este ano fez parte do jurado. “Foi uma experiência ímpar na minha vida ter participado desse projeto. Antes, eu não dava o devido valor ao Dia da Consciência Negra, considerava uma data qualquer. Hoje, já entendo a importância de continuarmos lutando contra o preconceito racial e todas outras formas de discriminação”, argumenta.
 
O professor de artes cênicas e orientador do projeto, Natan Marreiro, destaca que os estudantes tiveram dois momentos preparatórios para o projeto: no primeiro, estudaram as técnicas de teatro, e, no segundo, mergulharam nas pesquisas sobre a Conspiração dos Alfaiates. “Eles se empoderaram do assunto e passaram a entender mais profundamente o que é racismo, a sua origem e sua repercussão até nos dias atuais”, afirma, acrescentando que “os alunos entraram na carne dos personagens, assumindo o protagonismo estudantil na construção do conhecimento, fazendo uma analogia aos tempos atuais, quando o racismo ainda faz parte da história de cada um deles. Mais do que isso, eles entraram em contato com a sua ancestralidade para que pudessem buscar a sua identidade”, relata o educador. 
 
NOVEMBRO NEGRO - A programação do Novembro Negro na Educação segue até o dia 30. Nesta segunda (21), acontece a Videoconferência sobre a Lei 10.639/03: Conquistas e Desafios (21), às 14hs, no Instituto Anísio Teixeira, com retransmissão para as telessalas dos NREs. Esta Lei estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, tornando o estudo sobre a "História e Cultura Afro-Brasileira” obrigatório no currículo das escolas. Nestas segunda e terça (21 e 22), será realizado o  V Encontro de Educação para a Diversidade, na Secretaria da Educação do Estado e, na quarta (23), o Seminário Educação Escolar Quilombola, no Colégio Estadual Eraldo Tinoco, em Santiago do Iguapé.

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