Encontro formativo traz temática sobre habilidades leitoras e novos instrumentos avaliativos em matemática

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Os formadores do Plano de Formação Continuada Territorial da Secretaria de Educação do Estado da Bahia seguem aprofundando os seus conhecimentos na didática da Língua Portuguesa e Matemática no 12º encontro com a consultoria do Instituto Vera Cruz (IVC). Realizado por meio do Instituto Anísio Teixeira (IAT), o plano promove a formação com os consultores do IVC desde o ano de 2020, possibilitando aos educadores a concepção de novas pautas formativas, baseadas na potencialização da didática e dos conteúdos destas áreas do conhecimento.

Nesta sexta e sábado, 24 e 25/09, os 127 formadores estiveram reunidos em ambiente virtual sob a orientação dos consultores Ângela Kim e Marly Barbosa, na área de língua portuguesa, e Carla Milhossi e Samuel Duarte, na matemática.

Marcando o centenário do nascimento do educador Paulo Freire, comemorado no último dia 19, o encontro de língua portuguesa foi aberto com a leitura de um trecho de uma de suas obras mais famosas, “Pedagogia do Oprimido”. E como a apreciação literária esteve entre os objetivos do encontro, um outro importante escritor brasileiro também esteve em pauta. As consultoras fizeram a leitura de um conto de Machado de Assis, intitulado “Carolina”, que serviu para introduzir o trabalho com leituras colaborativas sob as perspectivas tanto da apropriação da habilidade leitora, quanto das possibilidades formativas que a atividade possibilita.

Em continuidade ao conteúdo trabalhado no encontro anterior, a temática das habilidades leitoras associada aos gêneros textuais foi retomada a partir da apresentação dos resultados de uma atividade desenvolvida a partir dos gêneros poema, crônica, charge e reportagem. Nesta atividade, os formadores partiram das habilidades da Base Nacional Comum Curricular para determinar, em cada gênero, tanto as que poderiam ser trabalhadas quanto a forma de tratar o tema, com sugestões de perguntas a serem feitas aos estudantes para garantir o seu desenvolvimento. 

Esta discussão tratou das capacidades e procedimentos leitores, especialmente considerando os indicadores das avaliações externas. “A gente precisa levar os professores e coordenadores a trabalhar com as diversidades e o currículo vivo. Precisa trazer notícia, reportagem do que está acontecendo no momento. Isso traz diversidade e contexto para a atividade de leitura”, defendeu a consultora Marly Barbosa. 

A formadora Amanda Reis concorda: “Ao longo da nossa própria formação, durante a aprendizagem da leitura, não fomos estimulados a ler e interpretar os textos. Quando pegamos gêneros como charges e crônicas, para conseguirmos chegar nesse ponto é muito complexo. Envolve repertório que não está constituído nos meninos e, muitas vezes, nem mesmo nos educadores.”

Os formadores do Núcleo Territorial de Educação (NTE) 26 (Metropolitano de Salvador) apresentaram suas reflexões sobre o encontro anterior, mostrando os encaminhamentos da pauta que foi desenvolvida em grupo. A formadora Adriana Maria de Jesus Souza contou que o encontro possibilitou a abordagem da didática da língua portuguesa sob diversos caminhos. “Após a formação IVC, fizemos um encontro de avizinhamento síncrono, acionando os educadores para perceber as diferentes concepções de leitura que permeiam as suas práticas pedagógicas”. Sobre a formação, ela conta: “A proposta do encontro trouxe muitas riquezas. A atividade que mais chamou a atenção foi a de relacionar os conteúdos com as competências da BNCC. Os momentos de formação são disparadores, mas o adensamento se dá no individual”. 

A educadora Janaina Barros falou sobre a aplicação da pauta nos encontros formativos com os coordenadores: “O formulário que Marly trouxe foi incrível, usaremos com outras temáticas, humanas, ciências. Vamos reproduzir a estratégia, já que somos coordenadoras também. Este conteúdo do IVC está chegando na escola muito rápido.”

Como entrega deste encontro, os formadores irão compor uma atividade formativa de leitura colaborativa que possa ser usada tanto em formação com coordenadores pedagógicos quanto com professores e seus alunos.

Diálogos sobre avaliação

O encontro de Matemática também foi aberto com Paulo Freire, a partir da leitura de um trecho da "Pedagogia da Autonomia" que fala sobre a avaliação, tema escolhido para as reuniões de setembro. A formadora Lívia Laurindo fez a leitura do trecho e compartilhou as suas reflexões. "Se não tomarmos consciência do que é avaliação, em vão estaremos aqui discutindo nossos processos educativos. Nós precisamos preparar o aluno para o exercício da cidadania, e com isso ele vai bem em toda e qualquer avaliação. Não é preparar para resolver um cálculo matemático, mas para que ele possa desenvolver a matemática na sociedade". 

Na sequência, os consultores aprofundaram as discussões sobre avaliação externa e avaliação formativa. Carla Milhossi defendeu a importância de manter o foco na aprendizagem dos estudantes. "Ir bem no SAEB é consequência de um processo de ensino e aprendizagem bem realizado nas escolas. Os rankings, os estímulos pela competição, são muitas vezes pouco formativos, criam muito confronto. Nós queremos integrar e pensar juntos nas melhorias para essas meninas e meninos". 

Apesar de não se tratar de um treinamento, os educadores falaram sobre a necessidade de familiarizar os estudantes com o formato das avaliações externas, para que consigam responder adequadamente às provas. 

Na segunda parte do encontro, os formadores se reuniram em grupos para analisar outros instrumentos, migrando das avaliações externas para as formativas. Neste momento, as provas tradicionais deram lugar a estratégias como a construção pelos estudantes de mapas mentais, elaboração de cartas para os professores e compartilhamento de dicas de resolução, numa perspectiva interdisciplinar.

Os educadores ressaltaram o caráter inovador dos instrumentos propostos. "Essa atividade nos possibilitou refletir sobre as diversas possibilidades que nós temos para a matemática. É algo que nós podemos levar para o contexto da Formação Continuada e também para os nossos professores. Vai fazer uma grande diferença no chão da escola", contou a formadora Maria do Amparo Menezes. Jania Santos ressaltou que a avaliação formativa também contribui para formar sujeitos pesquisadores. "Na educação básica, nós temos uma necessidade urgente de formar discentes pesquisadores, professores pesquisadores. Não é algo que deva ficar restrito às universidades". 

Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial 

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com o apoio da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e parceria do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. Por conta da pandemia do Coronavírus, a formação acontece em ambiente virtual, reunindo mais de 9 mil educadores e técnicos de 414 municípios dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

 

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