Educadores técnicos de toda a Bahia discutem instrumentos para acompanhar as aprendizagens dos estudantes

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"A formação continuada é como um alimento para o nosso município. É um espaço onde a gente tem a oportunidade de refletir sobre a nossa prática e de compartilhar experiências. Eu amo a formação. Sou apaixonada, mesmo". A frase é da educadora Rita Silva, que trabalha na secretaria de educação de Utinga, na Chapada Diamantina. Ela foi uma das 800 educadoras que participaram na última semana de mais um encontro do Plano de Formação Continuada Territorial, promovido desde 2019 pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC), por meio do Instituto Anísio Teixeira (IAT). 
 
O encontro reuniu presencialmente na sede do IAT, em Salvador, profissionais que fazem parte das equipes técnicas das secretarias municipais de Educação e dos 27 Núcleos Territoriais de Educação (NTE). Os educadores foram divididos em dois grupos, que acompanharam as atividades nos dias 23 e 24/5 e nos dias 26 e 27/5. Durante os encontros, eles refletiram sobre o acompanhamento e monitoramento pedagógico das unidades escolares e da rede de ensino. 
 
O formador Martônio Sacramento, à frente da turma do NTE 4 (Sisal), conta que a demanda pelo tema partiu dos próprios educadores. "No encontro anterior, trabalhamos bastante a recomposição das aprendizagens e o lugar de ocupância deles como técnicos da secretaria de educação. Nesse diálogo, veio a questão do desafio de acompanhamento e do monitoramento das unidades escolares. A pauta foi construída a partir desta demanda deles e nossa. E eles contribuíram muito, trazendo suas experiências e seus contextos". 
 
Além dos referenciais teóricos, os formadores apresentaram propostas de instrumentos para que o acompanhamento e monitoramento possam ser realizados de modo mais prático e efetivo. "São fichas que eles podem levar para as escolas com a indicação de possíveis temas, como acompanhar se o projeto político-pedagógico (PPP) da unidade escolar já foi atualizado, ou identificar um problema de bullying que possa estar ocasionando uma redução nos indicadores de aprendizagem… são instrumentos para objetivar e organizar a ação".
 
A educadora Eliene Costa acredita que os instrumentos enriquecerão seu trabalho na secretaria de educação de Tucano, onde atua como coordenadora do Ensino Fundamental II. "Muitas vezes, as demandas do dia-a-dia acabam nos engolindo, esvaziando as nossas ações. Os documentos, além de orientar as intervenções, nos ajudam a construir e a cuidar da nossa memória administrativa e pedagógica. Eu amei. Valeu muito a pena sair do meu município e ficar esses dois dias longe da minha filha". 
 
Em meio às discussões sobre como aproximar as famílias das escolas e sobre como lidar com questões de indisciplina dos estudantes, Eliene compartilhou uma experiência que viveu quando era diretora da Escola Zélia de Brito, também em Tucano, e que teve bons resultados nessas duas frentes. "Toda semana, a gente tinha visita dos pais na escola. Eles conversavam com os professores, com o coordenador, iam pra sala do filho, assistiam à aula um pouquinho… Nós fizemos um semáforo para indicar como estava o comportamento dos estudantes, e aí tinha essa discussão: 'A gente está assim e precisa ir pro sinal verde. Na nossa sala a gente precisa de mais atenção. E o que precisa fazer?' Aí estabelecia esse diálogo entre as famílias, professores, estudantes. Melhorou bastante a questão da indisciplina, porque foi um processo construído junto, por todos". 
 
Na turma da formadora Rosemary Silva, que reúne as equipes técnicas dos municípios dos NTEs 5 (Litoral Sul) e 10 (Sertão do São Francisco), os educadores foram convidados a apresentar as iniciativas de acompanhamento pedagógico nas suas cidades. Rosenilde Fernandes, que trabalha na secretaria de Remanso, mostrou como funciona por lá o diagnóstico de aprendizagem dos estudantes e as intervenções para garantir o avanço de todos. "Nós fazemos formação direta de coordenadores e professores, a partir da devolutiva dos diagnósticos, e já construímos nas escolas o entendimento de que todos os professores são responsáveis pelo avanço de leitura e escrita dos estudantes. Alfabetização é do primeiro ao nono ano. Se o menino chegou ao nono ano sem desenvolver as habilidades de leitura, não adianta culpar os professores que vieram antes. Tem que resolver. E isso é do professor de matemática ao de educação física. Se vai dar uma aula de vôlei, ele pode trabalhar antes com um parágrafo que seja sobre a modalidade".  
 
Além das ações desenvolvidas em cada escola, a cidade criou um projeto de leitura para toda a rede, o "Navegando nas ondas da Leitura", que será encerrado com um grande evento na praça central que irá premiar as melhores produções textuais. Algumas das atividades, como os vídeos de contação de histórias, estão no canal "Rede de Saberes Remanso", no Youtube. Criado durante a pandemia, o canal continuou com o retorno do ensino presencial e abriga uma série de aulas gravadas pelos professores da rede. 
 
 
Avizinhar-se
 
Simone Araújo, que integra a equipe do NTE 4, destacou um outro processo coletivo, desta vez entre os municípios e o Estado, que é um dos marcos do Plano de Formação Continuada Territorial. "A formação proporciona um estreitamento entre as redes municipais e a rede estadual, de não existir essa fragmentação, já que os estudantes dos municípios vão para a rede estadual,  futuramente. Essa troca de experiências é muito rica, favorece o nosso crescimento. É uma comunhão. Outro destaque é que a formação é muito prática. Você trabalha a fundamentação teórica na prática". 
 
Rita Silva, que você conheceu no começo desse texto, está na formação desde o começo, em 2019, e conta que já levou para sua rotina muito do que aprendeu nesses encontros. Agora será a vez de incorporar nas suas práticas os instrumentos de monitoramento e acompanhamento pedagógico. "Foi muito bom para aclarar ainda mais no sentido de organização dos instrumentos de acompanhamento do trabalho. Lá no meu município, eu já costumava fazer relatórios, só que o instrumento vai qualificar mais, porque já posso pontuar as questões que quero olhar com mais cuidado. É algo bem prático. A gente precisa construir essa cultura de acompanhamento, mesmo. Para mim, a formação continua sendo o momento daquela aguinha que vai regando, o adubo que vai fortalecendo, e a gente vai aprendendo mais e mais". 
 
 
Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial 
 
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com o apoio da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e parceria do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. A formação reúne mais de 9 mil educadores e técnicos de todos os municípios dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

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