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Educadores e técnicos aprofundam discussão sobre avaliações externas
De suas casas, mais de cem educadores baianos, que integram as equipes técnicas das secretarias municipais de sete Núcleos Territoriais de Educação (NTEs 2, 8, 10, 13, 24, 25, 27), participaram na última quarta-feira, 26 de agosto, do segundo encontro do Plano de Formação Continuada Territorial, promovido pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira (IAT).
Eles aprofundaram as discussões sobre avaliações externas iniciadas no primeiro encontro a partir da leitura e discussão do artigo “8 Mitos Sobre as Avaliações Externas”, das autoras Dagmar Serpa e Fernanda Kalena, publicado na revista Nova Escola.
As formadoras Carla Bianca Batista, Jailma Azevedo, Mônica Barreto e Olívia Bastos conduziram os cursistas em um percurso cujo horizonte avistou as possibilidades norteadoras dos processos avaliativos, sem deixar de observar as lacunas que limitam as avaliações de larga escala. O assunto gerou reflexões que foram desde a eficácia do processo até o efeito das análises dos resultados sobre o fazer do professor.
"Não é para ranquear, mas para analisar os resultados e replanejar práticas" - Lindinalva Almeida
Nas entrelinhas de toda essa discussão está a questão curricular. Para Josimar Amorim, coordenador pedagógico no município de Casa Nova, é preciso promover uma maior articulação entre as avaliações nacionais e os currículos adotados em cada cidade. “A avaliação em larga escala nem sempre é elaborada, construída a partir daquilo que o currículo local traz”.
Mestra em gestão e avaliação da educação pública, a educadora Lindinalva Almeida aprofundou a discussão lembrando que as avaliações externas devem ser compreendidas como um meio de garantir o direito às aprendizagens, e não para classificar ou limitar esse direito. "Não é para ranquear, mas para analisar os resultados e replanejar práticas. As avaliações tratam de habilidades essenciais básicas, que precisam ser garantidas em qualquer lugar do mundo, para que os estudantes sejam capazes de lidar com situações do cotidiano e resolver problemas reais".
Cidade Leitora
Nos últimos dois anos, a praça principal de Crisópolis se encheu de gente, de todas as idades. Eles não foram até lá para ver o show de nenhum cantor famoso, mas para participar da Feira Literária de Crisópolis, a Flic, que reuniu apresentações de todas as escolas da rede. Cerca de quatro mil estudantes mostraram a pais, amigos e moradores as atividades que desenvolveram durante todo o ano letivo como parte do projeto "Cidade Rica, Cidade Leitora".
A educadora Valéria Dantas, que acompanhou com um misto de alegria e orgulho as duas edições da Flic, já foi secretária de educação de Crisópolis e agora atua como coordenadora técnico pedagógica. Ela falou sobre as práticas desenvolvidas ao longo dos anos na cidade durante o encontro que reuniu as equipes técnicas dos Núcleos Territoriais de Educação do Piemonte do Paraguaçu (NTE 14, com sede em Itaberaba) e do Litoral Norte e Agreste Baiano (NTE 18, com sede em Alagoinhas), no dia 24 de agosto.
Neste dia, os técnicos também avaliavam os mitos sobre avaliações externas, com o apoio dos formadores Patrícia Pimentel e Lindomar Portugal. Valéria foi convidada a falar pelo destaque que o município de Crisópolis vem conquistando no Ideb nos anos iniciais e no Ensino Fundamental II.
Desde 2005, Valéria trabalha na secretaria, e contou que a mudança começou quando eles passaram a valorizar a "prata da casa", os educadores da cidade que conhecem, mais do que ninguém, o chão das suas escolas. "Antes, a gente fazia uma Jornada Pedagógica no começo do ano com consultores externos. Era algo longo, cansativo, caro… As avaliações que vinham dos professores eram muito ruins. A gente ficava desanimado".
Hoje, são os próprios técnicos da secretaria que se reúnem, a cada quinze dias, com os gestores escolares e coordenadores pedagógicos da cidade. Eles, por sua vez, repassam o que construíram ali para os professores, que têm em suas rotinas espaços garantidos de planejamento. "Aqui na secretaria, todo mundo é secretário de educação” diz Valéria.
Foi neste clima que o projeto "Cidade Rica, Cidade Leitora", foi sendo gestado, e as escolas acabaram ganhando a praça. "É o nosso projeto de ouro".
"Estamos juntos"
Esse momento de troca de experiências com educadores de outros municípios, durante as reuniões do Plano de Formação Continuada Territorial, está sendo especial para Valéria. "Cada município tem algo positivo para partilhar e nesses encontros de formação temos essa possibilidade do avizinhar e criar novas oportunidades de aprendizagem que serão usadas para enriquecer e melhorar nossas práticas pedagógicas. Precisamos apostar no trabalho em equipe e dizer um ao outro: estamos juntos, eu e você, por uma educação melhor, por um mundo melhor para nossas crianças".
Ela defende que não dá para pensar em educação de qualidade sem investir em formação continuada, num processo que envolva todos os profissionais da educação, incluindo os técnicos das secretarias. "As secretarias de educação são o coração da escola. É onde planejamos, criamos, avaliamos, tomamos decisões que serão fundamentais para que nossas escolas desenvolvam seu papel com qualidade".
Formação Continuada
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos, das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação. A ação, que conta com a parceria da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. Por conta da pandemia do Coronavírus, toda a formação acontece num ambiente virtual e reúne mais de 9 mil educadores e técnicos dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.
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