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Dalvani Menezes: “ser educadora é comprometer-se com uma educação transformadora”
Com o dinheiro da venda de duas casas e uma mercearia em Palmira, distrito de Itaju do Colônia, no Sul baiano, a família de Dalvani Oliveira Menezes comprou uma residência em Itabuna. Os pais tomaram a decisão motivados em investir na educação dos filhos, uma vez que a sua irmã mais velha já estava terminando o Ensino Fundamental e onde moravam não havia oferta para o Ensino Médio, o chamado 2º grau na época. Foi graças a esta visão de futuro e a vocação herdada da mãe que Dalvani abraçou a carreira do magistério. Seu maior orgulho? O de saber a diferença que a educação faz na vida do ser humano.
Nascida em Itabuna, Dalvani tem na figura do pai, Sr. Odmar Oliveira da Silva (in memoriam), um exemplo de fortaleza, determinação e honestidade. “Feirante e semianalfabeto para as letras, meu pai era exímio na Matemática. Ele me ensinou, desde pequena, a organização financeira. Quando terminava a feira, ele me dava moedas para eu administrar na compra de balas e pipocas”, recorda. Da mãe, Dona Jaíra Menezes Silva, professora aposentada, além da influência profissional, aprendeu que o exercício do magistério se faz com ternura. “Mas, como toda boa professora da sua época, era exigente porque queria extrair o melhor dos seus alunos e dos filhos também. Mulher guerreira e admirável, desde os 12 anos já ensinava aos filhos dos vizinhos e, com menos de 18, foi ensinar em uma escola da zona rural”, conta, orgulhosa de suas origens.
Ao longo dos 28 anos de carreira, Dalvani foi docente do Colégio Estadual Otávio Mangabeira, em Itapé, município também no Sul da Bahia, com a aprovação no seu primeiro concurso na área da Educação, aos 21 anos. Depois, atuou no Colégio Amélia Amado, em Itabuna. Atualmente, é professora de Arte do Colégio da Polícia Militar de Itabuna. “No mundo das artes, o desenvolvimento do olhar sensível é imperativo para novas aprendizagens. O movimento tecnológico, muito útil e instigante, por vezes tem atrofiado e limitado a fluidez do pensamento. Usar a tecnologia como aliada é fundamental, porém experiências fora do mundo virtual e tecnológico agregam humanidade, respeito, tolerância, equilíbrio, realidades tão necessárias nesses tempos”.
No ano anterior ao concurso do Estado, Dalvani havia ingressado no curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), onde também fez a primeira especialização. Estudava à noite e dava aula pela manhã. Com o passar dos meses, sua carga horária foi estendida também para o turno vespertino. “Eu me vejo em oportunidades que me constituíram e que me constituem como educadora. Constatei, inclusive, ao longo desses anos, que a influência de outras áreas do conhecimento que chamam a minha atenção são complementos para o meu ser professora, porque enriquecem, somam. Porém, não completariam como me completa a ação de educar”, reflete.
O ambiente familiar já era bastante favorável, o que, sem dúvida, contribuiu diretamente na sua escolha profissional. “Mas o gosto pelo movimento
de estar com pessoas compartilhando saberes, ensinando, aprendendo vem de dentro, vem da alegria de ver o outro conhecendo, construindo, formando, se formando no sentido mais belo e completo da palavra. Acredito na educação que ensina formando, permitindo o manuseio de conhecimentos múltiplos”. O contato mais próximo com a literatura, a música, a filosofia e o teatro, na adolescência, também foi uma influência importante.
“Com o amadurecimento e a formação profissional, fui constatando o quanto esses e outros elementos da cultura são fundamentais no processo de constituição da pessoa; na construção e aquisição de conhecimentos; e na formação integral do cidadão”, considera. É munida desta experiência que Dalvani afirma que ser educadora é comprometer-se com uma educação transformadora, que contribua para a formação do homem por inteiro e que ele possa reconhecer a si mesmo como ser social e parte integrante de um coletivo em que é corresponsável nas construções e nos resultados. “Acredito que todos são capazes de aprender e ser professora me ensinou a acreditar nesta verdade. Quando penso em legado, faço memória da minha vida e continuo a acreditar que legado precisa ser uma construção histórica”.
Reportagem: Claudia Lessa - ASCOM/SEC
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