Contemplação do pôr do sol leva professora a ensinar Astronomia e mostrar aos estudantes que o céu é o limite

A contemplação do pôr do sol, da lua, das estrelas e da imensidão do céu levou a professora de Química e de Iniciação Científica, Fernanda Brito, que leciona no Colégio Estadual da Bahia - Central, em Salvador, a ensinar aos estudantes, de forma contextualizada e prazerosa, como a Ciência está presente em suas vidas. Mesmo sem contar como atividade letiva, ela continuou dando apoio e incentivando o aprendizado dos estudantes, neste período de pandemia do novo Coronavírus, em um projeto que recorre sempre à beleza do universo.

"Minha paixão pelo céu surgiu contemplando o pôr do sol no município de Antonio Cardoso, onde minha família paterna tem uma propriedade na zona rural. Esse ritual sempre trouxe memórias afetivas da infância e depois o interesse foi aumentando e, hoje, desejo relacionar a Astronomia com a disciplina de Química e encantar meus estudantes com a beleza do universo", revela a professora, que tem o Forte de Humaitá como o seu local preferido para apreciar o sol se pondo.

A educadora recorda com carinho dos momento de quando sua vocação para o magistério e seu amor pelo ofício despertaram. "Tinha sete anos e lembro que o meu tio Jorge Luiz chegou com um quadro e uma caixa de giz. Foi ali que a paixão pela Educação começou. Já na adolescência, reunia estudantes na garagem de casa nas aulas de banca e não parei mais", diz, emocionada.

Fernanda trabalha há um ano no Colégio Central. Antes disso, morou no município de Santo Estevão, onde lecionava desde 2011 no Colégio Estadual Professora Edite Ferreira Fonseca, de onde tem ótimas recordações e experiências. No entanto, sua trajetória na rede estadual de ensino foi iniciada no município de Antonio Cardoso, no Colégio Estadual Antonio Carlos Magalhães, entre 2007 e 2013.  "Foi onde pude conhecer melhor  minhas raízes, já que minha família paterna é de Antonio Cardoso e até hoje tenho contato com meus ex-estudantes", conta.

Segundo a educadora, a sua história com o Colégio Central é antiga. "Fui estudante e retornei em setembro 2019 ao colégio, onde leciono duas disciplinas. Tenho encontrado o apoio necessário para desenvolver meu trabalho nesse momento tão delicado de pandemia e, como resultado, ele foi selecionado para o Ciência Jovem e, também, tivemos um resumo aprovado no Congresso de Difusão Cientifica, em parceria com outro professor da rede, Alberto Amorim", revela.

A professora afirma que o seu maior desafio foi reinventar a prática e criar formas de permanecer conectada à Educação. "O novo professor deve estar disposto a repensar a forma de pensar e fazer Educação. É estudar novas formas de interagir com os estudantes, novas metodologias, saber que nada será como antes. Não me vejo em outra profissão, pois amo estar em uma sala de aula. Minha inspiração veio quando percebi que a Educação muda vidas e desejo ajudar nessas mudanças. Dei continuidade ao projeto de iniciação cientifica sobre Astronomia, através de encontros semanais com os estudantes que, de forma voluntária, decidiram fazer pesquisa. Acredito que isso motivará outros a participarem".

Fernanda fala sobre a maior recompensa do seu ofício. "Ensinar pra mim é a possibilidade de ajudar esses meninos e meninas a transformarem suas vidas. Cada olhinho que brilha ao entender um assunto da disciplina ou quando falamos de questões em que a Química está presente no nosso cotidiano é, para mim, uma vitória. Ensinar é contagiar com alegria, esperança e muita empatia. Desejo que todos eles sonhem e não percam as esperanças, pois logo estaremos juntos compartilhando saberes", destaca.  

A estudante Pamella Luize Santos, 14, 1º ano, que faz parte do projeto de Astronomia, falou do seu carinho pela professora e do impacto do projeto em sua vida. "Fernanda é uma professora bem legal, pois vem me ajudando muito a superar algumas questões como vergonha e insegurança. Ela é bem paciente e me incentiva muito. Neste período de pandemia, eu fiquei com um pouco de dificuldade para continuar estudando em casa e este projeto vem sendo importante para que eu continuasse interagindo com os estudos e sem falar das oportunidades que este projeto vem me proporcionando e todo o conhecimento que ele está nos dando".

Para a estudante Amanda Cerqueira, 15, também do 1º ano, a metodologia da educadora tem sido estimulante. "O projeto veio em muita boa hora, já que estamos sem aula presencial e podemos interagir de forma on-line, servindo de grande incentivo aos estudos. E a professora Fernanda é muito atenciosa e sempre está disposta a nos ajudar em tudo o que precisamos", afirma.

 

Reportagem: Emerson Santos

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