Colégio Estadual em Santa Bárbara realiza exposição das produções dos estudantes durante o ensino remoto

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O ano de 2020 está marcado pela pandemia nos quatro cantos do mundo. As pessoas tiveram que adaptar seu modo de vida para se proteger e conter a disseminação do coronavírus e uma das instituições que mais sofreu com as restrições determinadas pelo contexto pandêmico foi a escola. Um novo modus operandi foi imposto e a pena para quem não se adaptasse era severa: o impedimento da progressão dos estudantes. Inquietos como devem ser, os educadores se mobilizaram e se reviraram para encontrar em si e no coletivo as formas de continuar promovendo a aprendizagem.

No nordeste da Bahia, a motivação para a inquietude do trio gestor do Colégio Estadual Professor Carlos Valadares, na cidade de Santa Bárbara (Núcleo Territorial de Educação 19), foi a iminência da evasão escolar e a descrença de pais e alunos no ensino remoto. Como na maioria das unidades escolares, este diagnóstico acendeu o alerta das gestoras Ladjane Santos, diretora, e Giovana Leite,vice-diretora, e da coordenadora pedagógica Rita Menezes, que buscaram na Formação Continuada Territorial oferecida pela Secretaria de Educação do Estado, por meio do Instituto Anísio Teixeira, a inspiração para iniciar o projeto que buscava contornar os obstáculos que se apresentavam.

A diretora Ladjane Santos conta que, durante os encontros formativos, discutiram muito sobre o formato remoto, tanto síncrono quanto assíncrono, além de estratégias para o ensino híbrido: “Estamos em formação com a professora Rosângela, o que nos ajudou a realizar o plano de ação da gestão junto com o plano de trabalho do coordenador. Na formação, fomos desafiadas a elaborar este plano situando os problemas e traçando metas e estratégias para superá-los.”

A partir deste pontapé inicial, seguiram para outra etapa, que foi ouvir a comunidade escolar. “Na nossa escola, a gestão se dá em formato horizontal, não teríamos como realizar um plano sem ouvir a comunidade escolar. As pautas das ACs e os encontros virtuais com professores ajudaram a planejar o projeto, as aulas e a pensar na importância da socialização das estratégias exitosas de ação com líderes e monitores. Também fizemos encontros virtuais por série com os pais e eles nos fizeram refletir sobre a ressignificação dos conteúdos e das produções dos alunos, que transformaram suas casas e quintais em extensões da escola durante o período remoto”, conta Ladjane.

A forma encontrada pela escola para dar significado às aprendizagens foi através de atividades e vivências práticas. Ao longo do ano letivo, os estudantes realizaram várias atividades em formato remoto e essas iniciativas e seus resultados foram sendo compartilhados entre a equipe e, por fim, reunidos em uma exposição, que ocorreu na última terça-feira, 10 de agosto, na praça central do município.

A coordenadora Rita Menezes conta que, além de honrar a importante produção escolar do período, marcando a finalização do ano letivo de 2020, o evento também comemorou o Dia do Estudante e acolheu os alunos recém chegados à escola. “Mostramos à comunidade barbarense tudo que eles produziram neste ano letivo tão conturbado de 2020. Nem os próprios alunos tinham conhecimento de tanta coisa porque cada um produzia no seu cantinho, na sua sala, na sua casa.”

A exposição trouxe também atividades dos cursos técnicos e das turmas de educação especial: “Recolhemos algumas experiências por área. Estudantes do curso técnico em agroindústria produziram matérias-primas, como feijão, milho, mandioca, amendoim e os alunos do curso de alimentos criaram receitas com estes produtos. Os ensinos fundamental II e médio trouxeram seus experimentos práticos e apresentaram na mostra, junto com a experiência da horta em casa pelos alunos de AEE”, conta Ladjane. A gestora ressalta a importância desse trabalho como estratégia para motivar e mobilizar os estudantes, além de “mostrar à comunidade de toda a cidade que o ensino ofertado na escola, mesmo em contexto pandêmico, tem dado resultado.”

A formadora Rosângela Almeida conta que as pautas dos encontros formativos buscaram a reflexão sobre os problemas escolares de forma colaborativa, para ajudar os instrumentos de gestão a impulsionar a transformação da escola. “Em meio a dificuldades tecnológicas, de adaptação, é muito importante ver a escola pública aumentar a conexão com os alunos, favorecer a inclusão daqueles que estão fora, realizar um trabalho pedagógico referenciado, pensado coletivamente. É bom ver que o ensino remoto e/ou híbrido pode trazer bons resultados e fortalecer a aprendizagem, sobretudo na escola pública”.

A coordenadora da escola contou que, além de provocar a realização do plano de ação, a formação também contribuiu com conhecimentos sobre educação sistêmica e flexibilização curricular, indispensáveis para garantir a fluidez do trabalho na escola e possibilitar as adaptações necessários que o período pandêmico vem exigindo. “Nós fomos produzindo com as flexibilizações do currículo, com toda essa reflexão em cima da prática e com os textos e as leituras que o próprio IAT nos proporcionou. A gente foi produzindo material dentro daquilo que a gente acredita como educação, ouvindo a comunidade escolar, ouvindo os professores, agindo, refletindo, recuando em alguns momentos e o resultado foi bacana.”

Todo o evento foi filmado e transmitido ao vivo pelo Youtube e Facebook da escola. Segundo Rita, esta será a primeira de outras mostras que virão para apresentar os trabalhos dos estudantes e as referências da comunidade como o requeijão de Santa Bárbara, que é referência como o melhor da Bahia e um dos carros-chefes da economia local. “Esse é o eixo do nosso trabalho, entendemos que não basta o conhecimento estanque, é preciso que ele transforme a realidade.”

 

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