Avaliação da aprendizagem é tema de encontro entre gestores escolares e coordenadores pedagógicos

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A pandemia acentuou as desigualdades de aprendizagem nas escolas. E neste cenário, é fundamental diagnosticar em que estágio cada estudante está e intervir para que todos avancem. Para contribuir com esse processo, diretores escolares e coordenadores pedagógicos de toda a Bahia se reuniram para discutir acompanhamento pedagógico e avaliação formativa durante mais um encontro do Plano de Formação Continuada Territorial, promovido desde 2019 pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC), por meio do Instituto Anísio Teixeira (IAT).  Os encontros começaram no dia 2 de junho e seguem até o próximo dia 15 nas cidades-pólo de todos os 27 territórios de identidade do estado. 
 
Em Salvador, a formação aconteceu na sede do IAT, reunindo educadores do NTE 26, que engloba 16 municípios da região metropolitana. A formadora Ana Flávia Oliveira detalhou a dinâmica do encontro. "Nós trouxemos questões sobre avaliação interna a partir do olhar do monitoramento e do acompanhamento das aprendizagens e discutimos como reconduzir essas aprendizagens a partir dos dados monitorados. Nós também trouxemos propostas de instrumentos na área do conhecimento de matemática e ciências da natureza, para que os coordenadores pedagógicos possam identificar os instrumentos e critérios que estão sendo propostos pelos professores e a partir daí sugerir propostas de intervenção".
 
Coordenadora pedagógica da rede estadual há 24 anos, Cristiane Oliveira contou que um dos momentos mais gratificantes da sua carreira foi quando sugeriu a um professor que elaborasse de forma mais clara as perguntas da avaliação que faria com os estudantes e ele acatou a sua sugestão. "Ali eu vi que houve uma parceria, de fato. Ele percebeu que eu não estava interferindo no trabalho dele, mas contribuindo. Aquele dia valeu pra mim". O encontro no IAT a fez refletir sobre sua prática.  "É um momento de questionar nossa postura dentro da escola, o convívio com os colegas, como lidar com todos de forma mais atenciosa, mais coerente. E pedagogicamente, é muito importante a reflexão de que a gente pode elaborar vários instrumentos de avaliação, não ficar somente na questão da prova. Para mim a formação está sendo muito válida. Está me dando apoio para chegar na minha escola com novas ideias". 
 
Débora Chaves, que atua como coordenadora pedagógica em uma escola municipal em Pojuca, gostou da trilha da formação continuada que discutiu currículo no primeiro encontro e agora trouxe reflexões sobre avaliação. "Nós precisamos criar novas rotas de aprendizagem nas escolas. Se não houver uma priorização, nós vamos fingir que estamos seguindo em frente, quando na verdade vamos seguir atropelando os conteúdos e não vamos chegar a lugar nenhum. Precisamos monitorar as aprendizagens para reconduzir todo esse processo, e trabalhar as habilidades essenciais que não foram consolidadas. Não dá para fazer de conta". Débora entrou na formação este ano e conta que já está "apaixonada". "Os encontros estão sendo super produtivos. Nós discutimos muito e aí quando você ouve experiências diferentes, outros modelos, você repensa suas práticas". 
No NTE 25 (Piemonte Norte do Itapicuru), a discussão sobre avaliação formativa também se intensificou, tendo como foco as estratégias que precisam ser adotadas nas redes de ensino para que haja a recomposição das aprendizagens a partir dos diagnósticos. Direcionadas para as áreas de língua portuguesa e ciências da natureza, algumas atividades práticas propostas aos coordenadores contribuíram para o entendimento da gestão de conhecimentos, além da importância da linguagem dialógica para o trabalho com conceitos e práticas científicas. O objetivo foi promover maior apropriação do conhecimento didático nestas áreas do conhecimento. A formadora Cecília Cabral de Santana contou que os educadores, em seus relatos sobre o processo formativo, apontam como essenciais os pontos abordados e as experiências vivenciadas nos encontros para a realização da formação com os professores nas escolas, nas atividades complementares (ACs).
 
Um momento importante da dinâmica das reuniões com Cecília é a socialização das experiências de aplicação dos temas trabalhados nos encontros precedentes. “Duas escolas trouxeram o relato das suas vivências em relação à aplicação do conhecimento compartilhado no primeiro encontro, deixando bem claro que estão empreendendo todos os esforços – e eu acho que esse é o ponto central – para que os momentos de AC sejam utilizados como momentos formativos. Para isso, eles utilizam justamente essas atividades que estamos viabilizando, que são práticas.”
Atestando que a formação está acontecendo “em vias de fato”, ao chegar até os professores e estudantes, a formadora destaca a fala de dois coordenadores que, embora já estivessem com a pauta formativa das próximas ACs construídas, resolveram fazer alterações a partir do que vivenciaram neste encontro II. “Segundo os educadores, muitos pontos que foram abordados se revelaram como essenciais para que possam discutir nos momentos de AC agora.”
 
Uma destas profissionais é a coordenadora Kaliandra Ruth Guimarães dos Santos, que atua no município de Filadélfia, na Escola Municipal Teodoro Bento. Ela conta que os momentos formativos vivenciados vêm revolucionando o acompanhamento pedagógico que realiza na escola. “Os encontros têm aberto um leque de possibilidades que nos permite novas construções educativas, a começar pela construção das pautas dos momentos de AC, que têm se reestruturado a partir dos conteúdos que a Formação Continuada tem nos proporcionado.”
 
Kaliandra contou que saiu do encontro cheia de ideias para aplicar com meus professores. "Em uma pauta que eu já havia deixado esquematizada, irei fazer novas adequações, pois as temáticas abordadas, as dinâmicas utilizadas, as estratégias, as discussões e as atividades realizadas serão um diferencial naquilo que pretendo trabalhar com os educadores”. A coordenadora, que iniciou na formação continuada em 2021, fez questão de salientar o quanto o processo formativo vem potencializando o seu fazer pedagógico: “São conteúdos que nos possibilitam trabalhar com o professor estratégias didáticas que eles podem utilizar nas suas salas de aula”.
 
Para Cecília, esta fala é motivo de grande felicidade. “É muito importante sabermos que a formação continuada territorial está sendo validada nos espaços formativos da escola.”
 
Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial 
 
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com o apoio da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e parceria do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. A formação reúne mais de 9 mil educadores e técnicos de todos os municípios dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

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